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22/10/2015
A seca no Nordeste, um dos principais problemas da região, é discutida no Diálogo Municipalista
Na tarde desta quinta-feira, 22 de outubro, a Confederação Nacional de Municípios (CNM) promoveu a abertura técnica do Diálogo Municipalista – Encontros Regionais do Nordeste. A solenidade com os presidentes das entidades estaduais nordestinas acontecerá às 19 horas. Essas autoridades, muitos da Diretoria da CNM, voltam de Brasília, onde participaram do encontro com a presidente da República, Dilma Rousseff.
O primeiro painel não poderia tratar de outro assunto. Abordou a questão da seca que assola a região e preocupa os gestores municipais. O presidente da Agência Pernambucana de Água e Clima (Apac), Marcelo Asfora, foi um dos palestrantes convidados. Ele trouxe todo um histórico da estiagem no Nordeste, mencionou a morte de pessoas e perdas de rebanho em anos anteriores. “Se acha que a seca é igual em todo Nordeste, não é”, alerta.
Asfora afirma que não existe uma política de Estado que trate da seca. A lei federal, por exemplo, visa combater a desertificação. Mas, segundo ele, a seca não é a responsável pela desertificação. Ela acontece quando se esteriliza o solo, quando ele é usado erroneamente. “Há solo em beira de açude desertificado”, denuncia.
Gravidade do problema
Para o palestrante, a seca historicamente tem sido tratada como uma doença excluída. “A maior metrópole hoje do País vive uma seca e nega porque está relacionada à falta de desenvolvimento e à pobreza. A seca tem que ser trada no conceito da Defesa Civil: prevenção, preparação, socorro e reconstrução. Não dá pra tratar só depois que ela acontece.”
O presidente da Apac diz que os Municípios e Estados devem ter planos de prevenção, pois não dá pra esperar a seca acontecer. “Se não executarmos a infraestrutura adequada, obras temporárias, jamais vamos resolver o problema”, destaca.
Monitorar a seca também é uma tarefa a ser adotada, assim como se monitoram as chuvas. “A gente nunca sabe o trabalho que ela vai dar, quanto tempo vai ficar, então precisamos ter o mínimo de planejamento para conviver com este fenômeno. Isso só acontece se você sabe suas vulnerabilidades, se monitora a questão. Estados e Municípios devem buscar instrumentos”, recomenda.
Previsões
O que complica ainda mais, aponta a Apac, é que 90% da água em Pernambuco, por exemplo, está em apenas 14 açudes e, além disso, a qualidade é comprometida. “E se pensou em como acumular, mas não em como distribuir.”
A seca severa ocorre por conta de fenômenos naturais, como o El Niño, que concentra as chuvas no Sul e dificulta a existência delas no Nordeste. Com isso, se nada mudar, as previsões não são positivas. “A expectativa para as chuvas de fevereiro a março do ano que vem está comprometida. Será bem menor. O cenário é grave. É sério. Já estamos vindo de quatro anos de seca.”
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