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03/09/2014
Tremores de terra em Minas Gerais preocupam a comunidade; especialistas pesquisam as causas
Nas últimas décadas, uma série de abalos sísmicos em Minas Gerais tem despertado a preocupação da comunidade. Cientistas começaram a investigar a origem do fenômeno e autoridades também demonstram atenção com o assunto. Ao todo, oito cidades foram atingidas.
Entre os locais onde já foram registrados os tremores estão: São José da Lapa, Nova Lima e Pedro Leopoldo, na região metropolitana de Belo Horizonte; Carmo do Cajuru, no Centro-Oeste de Minas; Capitão Enéas, Itacarambi e Montes Claros, no Norte do estado e Rubelita, no Vale do Jequitinhonha.
Montes Claros é um dos Municípios que se destaca pela frequência do fenômeno. Registros sísmicos realizados pelo Observatório Sismológico da UnB (SIS-UnB) e pelo Centro de Sismologia da USP (IAG-USP) mostram que esses pequenos tremores de terra vêm ocorrendo no Município desde 1995.
Até agora foram registrados 41 eventos dos quais 80% tiveram magnitude entre 2,0 e 2,9 na escala Richter. E aproximadamente 20% entre 3,0 e 3,7. Os tremores com magnitude acima de 3,5 já podem ser percebidos e causar pequenos danos. É o que aponta Expedito José Ferreira, professor da Universidade Estadual de Montes Claros e também um dos coordenadores de uma comissão estadual de pesquisadores que estuda os abalos em Montes Claros (MG).
Alerta
A população está assustada com a frequência dos eventos. O morador do bairro Santo Expedito, José Guimarães presenciou o tremor mais forte registrado até a presente data, com magnitude de 4,2 na escala Richter. “Tomei um susto daqueles. Quase tive um troço”, lembra.
Assim como José, muitos moradores têm preocupações sobre o assunto. Somente em abril de 2014 dois sismos com magnitudes variando entre 2,0 a 3,3 foram registrados.
Falha geológica
A intensidade e frequência do fenômeno chamaram a atenção de pesquisadores da área de sismologia de diversas partes do País e, principalmente, dos governantes estadual e municipal. As principais preocupações é conhecer as causas e a adoção de medidas para proteger a população, especialmente os que moram em áreas de maior risco.
Foi constatado que existe uma falha geológica próxima ao Bairro Atlântida. E ela é a responsável pelos tremores que ocorrem na cidade, conforme descrito no Estudo dos Tremores de Terra de Montes Claros, de 2012.
Porém, Expedito Ferreira explica que tremores de magnitude 4,0 ou maior ocorrem, em média, duas vezes por ano no Brasil e, desta maneira, a atividade sísmica em Montes Claros não é incomum. Também afirma que não há evidência de que a exploração em pedreiras próximas à cidade tenha relação com a atividade sísmica.
Previsão
O estudo aponta, ainda, que não é possível prever se a atividade vai continuar diminuindo ou se haverá novo surto com algum tremor de magnitude superior a 4,0. A probabilidade de ocorrer outro tremor maior é estimada em 1% (baseado em estatísticas de outros casos no Brasil). Porém, mesmo com a possibilidade pequena, os estudos concluem recomendam reforço das casas frágeis próximas à área de incidência.
Da Agência CNM, com informações da Codevasf