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05/05/2017
Seca continua afetando o Nordeste e Municípios passam meses completamente sem água
A chuva insiste em não cair no sertão nordestino. Como consequência, o sertanejo e suas famílias vivem dias de agonia pela falta d’água. Os rebanhos de bovinos e equinos morrem aos montes porque, também por falta do recurso hídrico, o pasto não existe mais. O pouco relevo que ainda sobra, que antes era verde, vai se acinzentando aos poucos.
Essa dura realidade enfrentada em diversos Municípios nordestinos, e já alardeada há anos pela Confederação Nacional de Municípios (CNM), foi tema do programa Profissão Repórter desta terça-feira, 2 de maio. Algumas das cidades retratadas que vivem com pouquíssima ou com a completa falta de água há meses ou até anos foram Tabira (PE), Petrolina (PE), Flores (PE), Montadas (PB) e Monteiro (PB).
Em Montadas, Município com 4.990 habitantes registrados no último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), não chove há quatro anos segundo relatos de um morador entrevistado. As pessoas dependem de carros-pipa que chegam à cidade de trazendo a tão necessária água.
Monteiro também passa pelo mesmo problema. Há dois meses sem chuva, a cidade depende do serviço dos caminhões. O Município comemorou recentemente a inauguração de uma das etapas do Projeto de Interligação de Bacias do Rio São Francisco, administrado pelo Ministério da Integração Nacional, e espera com a obra já atrasada há 10 anos resolver de vez o problema.
Nos Municípios pernambucanos o problema é igualmente arrasador. Em Flores, por exemplo, não chove frequentemente há cinco anos. Famílias chegam a abandonar suas casas em busca de um lugar onde tenha água. Outras andam quilômetros, numa via crucis até agora interminável a procura de açudes ou poços que ainda possam lhes abastecer, mesmo que a água seja suja ou salobra. É o que têm no momento.
Alertas da Confederação
A questão da seca no Nordeste já vem sendo relatada há muito tempo pela CNM. Para citar alguns relatos, ainda em 2013, a entidade publicou o livro “O Nordeste brasileiro e mais uma calamidade por falta de água”, que relatava as consequências desta realidade em toda a região.
Em 2014, CNM realizou pesquisa junto aos gestores municipais para obter informações sobre os problemas que a seca prolongada ainda acarretava os municípios naquela época. A pesquisa foi realizada junto aos 1.793 Municípios nordestinos, dos quais se obteve respostas de 1.164 (65%) distribuídos nos nove estados.
Em 2016 mais um estudo sobre o tema foi produzido pela área técnica de proteção e defesa civil: “Prejuízos causados por desastres naturais – 2012 a 2015”. Neste, a Confederação fez um levantamento da situação no País inteiro, e não só no Nordeste, onde englobou outros fenômenos naturais além da seca, como enxurradas, deslizamentos e vendaval.
XX Marcha
Além das publicações rotineiras e do acompanhamento diário da área técnica da Confederação sobre o tema, a seca será mais uma vez tema de debates na Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios. A vigésima edição do maior evento municipalista da América Latina está marcada de 15 a 18 de maio.
No dia 17 de maio, dentre as plenárias marcadas estão confirmadas para às 10h na Sala Projetos a de tema “Mudanças Climáticas: conceitos e boas práticas” e às 14h “Resiliência: Municípios e o convívio com a seca”. Dentre outros temas, serão debatidos com técnicos da CNM, representantes de entidades estaduais e do governo federal as melhores formas de enfrentamento ao problema da seca e demais adversidades causadas por fenômenos naturais.
Clique aqui para consultar a programação completa da XX Marcha e aqui para consultar as publicações citadas na Biblioteca Virtual da CNM.