Rompimento de barragem ameaça qualidade ambiental de rio que abastece Belo Horizonte

Um rompimento da barragem da Mina Retiro do Sapecado, no Município de Itabirito (MG) preocupa Ministério Público. Na última quarta-feira, 10 de setembro, o rompimento vitimou três trabalhadores e feriu mais um. A ameaça agora é de que um novo acidente na barragem pode comprometer a qualidade ambiental do Rio das Velhas, principal fonte de abastecimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Após o rompimento da barragem, os rejeitos da exploração do minério de ferro cobriram de lama o leito dos ribeirões do Silva e Mata-porcos, afluentes do Rio Itabirito e que deságua no Rio das Velhas, e deixou a água turva. O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas teme que os rejeitos cheguem até a estação de captação de água da região metropolitana da capital mineira.

A estação Bela Fama, responsável pelo abastecimento de água de 40% da população da Grande BH e 60% da capital, monitora a turbidez da água recebida pelo Rio das Velhas e a possível contaminação com a chegada de grande volume deste rejeito da mineradora, o que acarretaria na interrupção da captação.

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) abriu inquérito para apurar responsabilidades. Segundo o promotor de Justiça Carlos Eduardo Ferreira, não houve fatalidade no rompimento da barragem. “Houve intervenção equivocada ou omissão de controle da barragem, pois estamos na época seca e não há qualquer chance de causas naturais”. A empresa terá que apresentar um plano para garantir a estabilidade da Barragem 3 que recebeu os rejeitos da Barragem 1, após o rompimento desta, e apresenta instabilidade.

O coordenador do Núcleo de Emergências Ambientais (NEA) da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Milton Franco, afastou a possibilidade de impactos maiores ao Rio das Velhas ou à estação de tratamento de Bela Fama devido ao carreamento de material para o Rio Itabirito. E a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) informou que a captação de água da empresa no Rio das Velhas está operando normalmente.

Situação das barragens no Estado
O grande número de barragens sem informações, abandonadas ou sem garantias técnicas de estabilidade em Minas Gerais preocupa especialistas, ambientalistas e pessoas que vivem sob a área de abrangência desses diques.

De acordo com o último relatório da Fundação Estadual de Meio Ambiente, com dados do ano passado, mais de 8% das barragens no Estado não têm condição de segurança garantida pelos auditores dos empreendimentos aos quais pertencem ou não dispõem de informações técnicas suficientes para esse tipo de garantia.

Segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) nessa situação se encontram nada menos do que 64 estruturas de contenção de rejeitos químicos e de mineração, do total 744 existentes.