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27/05/2014
Projeto deve utilizar ferramentas que dependam do cidadão para evitar desastres naturais
Um projeto que coloca o cidadão comum como responsável por captar e divulgar informações a respeito de desastres naturais é desenvolvido pelo Brasil, em parceira com a Alemanha. Conhecido como ÁGORA, por causa do nome em inglês (A Geospatial Open collaborative Architecture for Building Resilience against Disasters and Extreme Events), o projeto tem como objetivo principal evitar grandes problemas decorrentes de enchentes.
O Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da Universidade de São Paulo e a Universidade de Heidelberg querem construir ferramentas que possibilitem monitorar e ter sempre dados detalhados sobre os riscos de inundação. Esse instrumento só funcionaria com a união entre ciência, população e governo. Uma vez que as informações viriam de várias fontes, desde especialistas, defesa civil, até o morador de áreas em risco.
Entre as ferramentas sugeridas pelo ÁGORA, está, por exemplo, o Observatório Cidadão de Enchentes. Trata-se de uma plataforma disponível na internet para que o cidadão possa relatar, via computadores ou aplicativos móveis, o nível da água no leito dos rios e a extensão de áreas alagadas. Neste caso, os voluntários seriam cadastrados e treinados pela Defesa Civil.
Ferramenta eficiente
Para a Confederação Nacional de Municípios (CNM), o ÁGORA, no futuro, pode ser uma ferramenta eficiente de prevenção de desastres. Mas, a entidade salienta que o trabalho de articulação e cooperação deve ser constante entre União, Estados e Municípios. Tanto no trabalho de conscientização, educação e mudanças de comportamento da população, quanto nas gestões locais.
“O projeto não apenas se preocupa em investir na conscientização dos cidadãos como também faz com tenham maior participação e até mesmo, mais efetiva quanto ao monitoramento de eventos climáticos, já que são eles que sempre sofrem o maior impacto ocasionado por um desastre natural”, diz a análise da CNM.
De acordo com a CNM, para o sucesso do projeto, é preciso orientar a comunidade residente em áreas de riscos sobre o uso da ferramenta e quais equipamentos serão utilizados. Também é importante o trabalho em conjunto com a população que se sentirá mais valorizada, o que irá contribuir para o processo de monitoramento de riscos. Além de considerar as características regionais no processo.
Crítica
Ainda sobre a avaliação da Confederação, o Brasil tem um processo de prevenção de desastres que está longe de se chegar no monitoramento de desastres e mudanças climáticas ideal. Os governos ainda não se conscientizaram que o processo de monitoramento e prevenção são menos onerosos do que apenas disponibilizar recursos pós desastres.
Em todos os Estados existem meteorologistas e observadores responsáveis pelo monitoramento como o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC). Contudo, eles apenas divulgam os alertas e avisos meteorológicos. As atividades de prevenção e preparação de desastres ficam a cargo dos Centros de Monitoramentos de Desastres Naturais, mas eles são mal utilizados em decorrência da falta de articulação com governantes locais.