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03/02/2015
Produção de energia para o Sudeste e Centro-Oeste pode durar só mais um mês se não chover
Só mais um mês é o tempo de produção de hidrelétricas que geram energia para as regiões Sudeste e Centro-Oeste. Se não chover, elas não terão mais como produzir energia, diz o diretor do Instituto Luiz Alberto Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (Coppe), Luiz Pinguelli Rosa. Ele está tão seguro deste estudo que encaminhou carta com este alerta ao ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga.
Com base em outro estudo, assinado pelo diretor do Instituto de Desenvolvimento do Setor Energético (Ilumina), Roberto D'Araujo, a Coppe afirma: “Se não chover, estamos perdidos”. Eles apelam para a urgência da questão. “Todas as medidas que estão sendo tomadas estão corretas, mas com um grande atraso”, destacou.
Segundo a Coppe, se chover 50% da média tradicional, vai haver racionamento no meio do ano, pois o período de seca começa em abril. Os estudos mostram que a situação hídrica é severa, mas não é inédita. O caso mais grave é o do Rio São Francisco, que registra índices declinantes há mais de dez anos.
Campanhas e reformulação
No sentido de dizer a verdade a população, os especialistas acreditam que devem haver campanhas, por parte do governo, de esclarecimento sobre o uso racional de energia e água. “É igual campanha de vacinação. Tem que ter uma campanha para economizar energia e água. O governo tem que educar e estabelecer regras. No momento é a solução”, disse D'Araujo.
Outra medida apontada pelos especialistas é reformular o setor elétrico. Eles alegam que é preciso rever os certificados de garantia dados a cada usina. “No passado tínhamos reservatórios que eram capazes de guardar água equivalente ao consumo de dois anos. Nós não temos mais, e a carga foi subindo.”
Incentivo ao uso de lâmpadas de led, que gastam menos e esquentam menos o ambiente; redução de impostos para a instalação e aquisição de placas de energia e os tributos sobre a utilização de energia solar são outros meios de mudar o sistema. “Esse incentivo transforma o consumidor em uma espécie de investidor do setor elétrico. Telhados com placas solares, o preço no Brasil é proibitivo, porque as placas pagam imposto, e ao se produzir a energia e não usar, fica com o saldo na Light, mas se consumir de volta, paga ICMS [Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços]. É um negócio inacreditável”.
Agência CNM, com informações da EBC