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13/08/2010
Focos de incêndio causados pela seca prejudicam Municípios
CNM
O tempo seco e a baixa umidade do ar têm prejudicado alguns Municípios com números alarmantes de focos de incêndios. De acordo com acompanhamento diário do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em todo Brasil foram registrados 14.088 focos somente do dia 12 a manhã desta sexta-feira, 13 de agosto. A Confederação Nacional de Municípios (CNM) recomenda atenção por parte dos gestores para esses casos.
Em Marcelândia (MT), 112 casas e 17 industrias madeireiras foram totalmente destruídas por incêndios e outros 12 prejudicadas. Os prejuízos podem chegar a R$ 10 milhões. Somente nos últimos dois dias, 83 focos ocorreram na região. Segundo relatos do prefeito Adalberto Diamante, a preocupação é para não deixar o vento espalhar os novos focos de incêndio. “O fogo já está contido. Recebemos apoio do governo estadual e estão aqui a defesa civil e os bombeiros”, assegurou.
Ao todo, 300 famílias foram diretamente afetas pelo incidente. Mais de 1.200 pessoas foram atendidas em hospitais do Município. “Elas apresentavam intoxicação por causa da fumaça, algumas estavam muito nervosas e passaram mal e outras com queimaduras leves. Nada muito grave”, tranqüilizou. Não houve vítima fatal, mas a população usa máscaras para evitar a intoxicação. O prefeito afirmou que serão construídas 150 novas casas para a população desabrigada.
Outros incêndios
Em outro Município, a seca causa também dificuldades no abastecimento de água. São Félix do Xingu (PA), por exemplo, trabalha com dois caminhões-pipa para levar água para 12 mil moradores. “Em 30 anos aqui no Pará, esta é a seca mais extensa que vi. São mais de 70 dias sem chuva”, alertou o prefeito Antônio da Silva.
O gestor confirma os dados do Inpe de que em São Félix do Xingu, nos últimos dois dias, houve 1.163 focos de queimada. “Aqui a situação está incontrolável. Nossa secretaria de meio ambiente não tem mais como controlar tudo sozinha”, disse. O Município não possui Corpo de Bombeiros e, conforme contou o prefeito, o governo estadual não ajudou em nada até o momento.
Preocupado, Antônio fala das ações da prefeitura para evitar novos incêndios. “A secretaria está multando os responsáveis. Mas o secretário foi até ameaçado”. Ele conta que boa parte dos focos é provocada por pequenos agricultores, porém, com o vento forte e a seca, o fogo não é controlado. “É muita gente irresponsável”, lamenta. O Município está em Estado de Calamidade Pública.
Números
Além dos exemplos dados, os números do Inpe são preocupantes. De 1º de agosto até este dia 13, só o Pará registrou 22.913 focos de incêndio. Logo em seguida o Mato Grosso, com 17.781; Tocantins, com 10.968; Maranhão, 4.795; Piauí, 3.855; Rondônia, 3.829; Goiás, 3.657 e São Paulo, com 3.255 pequenas queimadas.
Municípios dos Estados mais ameaçados com a seca registram números alarmantes. É o caso de Cumaru do Norte (PA), com 646 focos; Comodoro (MT), com 241; Lagoa da Confusão (TO), 362 e Grajaú (MA) com 266.
Os satélites do Inpe atualizam em tempo real os relatórios com registros de foco em todo Brasil. Problemas como a umidade relativa do ar baixa também são causados pela ausência de chuvas e tempo seco.
Em 2009
O país passou por situação semelhante em 2009, quando foram registrados focos de incêndio em 54,3% dos Municípios, principalmente na região Norte, segundo estuda da CNM. Nele, a entidade mostrou que as queimadas, os desmatamentos e o assoreamento de corpos d’água são os três impactos ambientais de maior incidência nos Municípios brasileiros.
Para o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, esses números chamam atenção para necessidade de se discutir o tema e buscar soluções. “A cada ano a situação se repete. Precisamos de ter a segurança de que haverá sempre ajuda dos governos para evitar tragédias assim como em Marcelândia”, ressalta.
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