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23/03/2015
Amazônia diminui capacidade de absorver carbono com a mortalidade de árvores
A Floresta Amazônica pode ter perdido, pelo menos, metade de sua capacidade de absorver carbono da atmosfera, principalmente, por conta do aumento da mortalidade de árvores. Um novo estudo publicado na revista Nature mostrou que a captação de dióxido de carbono caiu, em relação aos 2 bilhões de toneladas do composto que a floresta absorvia anualmente na década de 1990.
O trabalho realizado ao longo de 30 anos, sob a coordenação da Universidade de Leeds, no Reino Unido, representa a mais extensa pesquisa terrestre feita na Amazônia. De acordo com os autores, as florestas tropicais absorvem e armazenam grandes quantidades de dióxido de carbono e, graças a essa propriedade, têm um papel importante na regulação do clima global.
Em relação ao fenômeno observado na Amazônia, os pesquisadores sinalizam que pode ter consequências para os futuros níveis de CO2 na atmosfera, e impactos nas mudanças no clima global. Os cientistas examinaram 321 pontos diferentes nos 6 milhões de quilômetros quadrados da Amazônia Legal, identificando e medindo 200 mil árvores.
Eventos climáticos
Segundo o brasileiro do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, (Inpa) Niro Higuchi, que participou do trabalho, o estudo considerou apenas a mortalidade de árvores causada por eventos climáticos extremos, mas não a que está ligada ao desmatamento. Ele sinalizou que o crescimento registrado da mortalidade de árvores tem relação com três eventos climáticos extremos ocorridos em 2005 e em 2010.
"A nossa estimativa é de que tempestade, que chamamos de chuva convectiva, tenha matado mais de 500 milhões de árvores com troncos maiores que 10 centímetros. Depois, secas de severidade incomum castigaram a região no segundo semestre de 2005 e em 2010. Após esses eventos, com a morte de tantas árvores, tivemos um balanço de carbono negativo", afirmou Higuchi. No entanto, segundo ele, a capacidade da floresta para absorver carbono não está irremediavelmente comprometida, pois, se a perda de árvores em grande escala tornou o balanço negativo, as árvores que continuam vivas seguem absorvendo e armazenando o carbono da atmosfera.
Da Agência CNM, com informações de O Estado de S. Paulo