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21/09/2018
Do cordel a sistema agrícola quilombola: conheça os seis novos Patrimônios Culturais do Brasil
Nessa semana, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) reconheceu seis novos Patrimônios Culturais do Brasil. Foram registrados os bens culturais: Literatura de Cordel; a Procissão do Senhor dos Passos, que ocorre em Florianópolis (SC); e o Sistema Agrícola Tradicional das Comunidades Quilombolas do Vale do Ribeira (SP). E foram tombados: o acervo do artista sergipano Arthur Bispo do Rosário; e dois terreiros de candomblé - Ilê Obá Ogunté Sítio Pai Adão, em Recife (PE), e Tumba Junsara, em Salvador (BA).
Literatura de Cordel
Entre versos, rimas e cantoria, a Literatura de Cordel, registrada como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, é uma expressão cultural popular que abrange não apenas as letras, mas também a música e a ilustração. É um gênero literário, veículo de comunicação, ofício e meio de sobrevivência para inúmeros cidadãos brasileiros: poetas, declamadores, editores, ilustradores - desenhistas, artistas plásticos, xilogravadores - e folheteiros.
Apesar de ter surgido no Norte e no Nordeste do país, o cordel hoje pode ser encontrado em todo o Brasil, principalmente, devido ao processo de migração de populações. Atualmente, circula com maior intensidade na Paraíba, Pernambuco, Ceará, Maranhão, Pará, Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe, Bahia, Minas Gerais, Distrito Federal, Rio de Janeiro e São Paulo. Em todos esses Estados é possível encontrar essa expressão cultural, que revela o imaginário coletivo, a memória social e o ponto de vista dos poetas sobre os acontecimentos vividos ou imaginados.
Procissão do Senhor dos Passos
Maior e mais antiga festividade religiosa do Município de Florianópolis (SC), a Procissão do Senhor dos Passos foi registrada como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. Realizada há 250 anos, a festa – cujo público médio é de 60 mil pessoas – é realizada 15 dias antes da Páscoa e tem duração de uma semana. A Procissão é o ápice de um ciclo ritual que reproduz os momentos finais da vida de Jesus. Recorda a perseguição, a condenação e a flagelação que sofreu e o seu encontro com Maria a caminho do Calvário.
Sistema Agrícola Tradicional
Desde o período colonial, o rio Ribeira do Iguape, localizado no Estado de São Paulo, viu o cultivo de mandioca, milho, feijão e arroz tornar-se o eixo estruturante do modo de vida de comunidades quilombolas que se instalaram em suas margens. Entre o apogeu e a decadência da exploração do ouro, foi a agricultura de subsistência que permitiu a permanência dos grupos afrodescendentes nos vales e montanhas da região. Esse modo de fazer roça e os bens culturais a ele associados integram o Sistema Agrícola Tradicional das Comunidades Quilombolas do Vale do Ribeira, registrado como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil.
O Sistema abrange as 19 comunidades remanescentes de quilombos situadas em seis Municípios do Vale do Ribeira e próximas a Unidades de Conservação de Mata Atlântica: de Morro Seco, em Iguape; de Mandira, em Cananéia; de Abobral Margem-Esquerda, de Pedro Cubas, de Pedro Cubas de Cima, de Sapatu, de Ivaporunduva, de André Lopes, de Galvão e de São Pedro, em Eldorado; de Poça, em Eldorado e Jacupiranga; de Nhunguara, em Eldorado e Iporanga; de Piririca, de Maria Rosa, de Pilões, de Bombas, de Praia Grande e de Porto Velho, em Iporanga; e de Cangume, em Itaóca.
Acervo Arthur Bispo do Rosário
O sergipano Arthur Bispo do Rosário (1909-1989), diagnosticado como portador de esquizofrenia paranoide, ganhou destaque no universo da arte contemporânea sem querer. Suas obras, produzidas sem o propósito de serem consideradas culturais, geraram debates sobre os limites entre a arte e a loucura. O acervo, tombado como Patrimônio Cultural Material do Brasil, inclui 805 peças - entre elas estandartes, indumentárias, vitrines, fichários, móveis, objetos e vagões de espera – elaboradas em diversos materiais, como, vidro, madeira, plástico, tecidos, linhas, botões, gesso e diversos outros itens recolhidos do lixo e da sucata.
A coleção Museu Bispo do Rosário de Arte Contemporânea fica situada no Complexo Instituto Municipal de Assistência à Saúde Juliano Moreira, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Município do Rio de Janeiro. Em 1994, o acervo recebeu reconhecimento em âmbito estadual, com o tombamento pelo Instituto Estadual de Patrimônio Cultural (Inepac).
Terreiros de Candomblé
Ilê Obá Ogunté Sítio de Pai Adão foi um dos primeiros terreiros de Xangô em Pernambuco. A casa, situada em Recife (PE), teria sido fundada em 1875 por Ifátinuké, que também atendia pelo nome de Inês Joaquina da Costa, ou Tia Inês, uma nigeriana originária da cidade de Oyó, que veio para Pernambuco junto com seu companheiro João Otolú e outros negros africanos. Ao comprarem as terras onde hoje se encontra o terreiro, deram origem à casa de culto, inicialmente chamada de Obá Omi, que segundo o sacerdote atual, Manoel Papai, que também significa Iemanjá.
O Terreiro Tumba Junsara, em Salvador (BA), também tombado como Patrimônio Cultural Material do Brasil, está entre os mais antigos de tradição Angola no Brasil. Fundado em 1919 pelos irmãos Manoel Rodrigues e Ciriaco, o terreiro faz da milonga (mistura) um caminho para manter suas referências culturais. Tumba Junsara está em uma região de Salvador que concentra vários outros terreiros, entre eles alguns já tombados pelo Iphan, como Oxumaré, Gantois e Alaketo e Casa Branca.
Quer saber mais sobre patrimônio cultural? Acesse as publicações Preservação do Patrimônio Cultural: o Tombamento e o Registro de Bens Culturais e Patrimônio Cultural: o Tombamento e o Registro de bens culturais nos Estados.
Fotos: Iphan e Ministério da Cultura
Da Agência CNM de Notícias com informações do Ministério da Cultura
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