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29/03/2016
Com mais juros no financiamento, casa própria pode ter parcela até 30% maior
O aumento na taxa de juros do financiamento da casa própria, anunciado pela Caixa nesta segunda-feira, 28 de março, pode fazer com que as primeiras parcelas fiquem até 30% mais caras, segundo reportagem da Folha de São Paulo.
O banco público elevou os juros do financiamento de imóveis com recursos oriundos da poupança. A estratégia pode esfriar ainda mais o mercado, já que o crédito mais caro inibe a demanda.
"O financiamento sai de uma taxa de 9,90% para 11,22% ao ano. Pode parecer pouco, mas é capaz de aumentar as primeiras prestações mensais em até 30%, já que nas primeiras parcelas o peso dos juros é grande pela tabela SAC", afirma Paulo Porto, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Mercado
Na tabela Sistema de Amortização Constante (SAC), mais utilizada no mercado, o valor das prestações cai ao longo do tempo e os juros incidem sobre o valor total devido – que é maior no início.
É a primeira vez neste ano que a Caixa aumenta os juros do financiamento. A última vez havia sido em outubro do ano passado. Segundo a própria instituição, a alta está associada ao aumento de custos e ao comportamento dos depósitos na poupança, que vem pendendo recursos mensalmente.
Juros altos
O banco informou também que a alta ocorre "parte por falta de demanda, parte por restrições do próprio orçamento".
"Nem os bancos públicos estão conseguindo segurar os juros. É reflexo do que a gente está vivendo hoje, o dinheiro está mais caro. O mercado fica desaquecido e também restringe a demanda", afirma João Ricardo Mendes, economista da Faap.
Aumentos
Há três semanas, a Caixa havia aumentado o limite financiado de imóveis usados – iniciativa essa que, na visão do próprio banco federal, não é oposta à anunciada nesta segunda-feira. "Não existe correlação entre elas. A elevação da cota é para facilitar a compra do imóvel, e a elevação da taxa de juros é uma adequação de mercado", afirma o banco em nota.
Com 68% do mercado, a Caixa serve de piso para o restante do setor. Por esse motivo, economistas preveem que os bancos privados devam seguir o movimento.
Agência CNM, com informações da Folha de SP