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21/12/2015
Verão começa com três tipos de vírus transmitidos pelo Aedes aegypti em circulação, pela primeira vez
Começa nesta segunda-feira, 21 de dezembro, o verão brasileiro 2015/2016 e pela primeira vez três tipos de vírus transmitidos pelo aedes aegypti estarão em circulação. Dengue, febre chikungunya e zika vírus são doenças com sintomas parecidos, sem tratamento específico e com consequências distintas. Até abril deste ano, não havia casos de zika registrados no Brasil.
Para a coordenadora do Comitê de Virologia Clínica da Sociedade Brasileira de Infectologia, Nancy Bellei, o controle de focos do mosquito será imperativo durante a estação. Ela explicou que o aumento de casos de infecção pelos três tipos de vírus durante o verão é esperado por causa de características biológicas do aedes aegypti. Os ovos do mosquito, segundo ela, podem sobreviver por até um ano e, cinco ou seis dias após a primeira chuva, já formam novos insetos. “No verão, chove mais e o clima ajuda, já que a temperatura ideal para o mosquito é entre 30 a 32 graus Celsius”.
Outra dificuldade a ser enfrentada, segundo a infectologista, é a semelhança entre alguns sintomas, que se manifestam de formas distintas em cada quadro. A febre, por exemplo, pode aparecer em todos os casos, mas, na dengue, é mais elevada; na febre chikungunya, dura menos; e, no zika, é mais baixa. Manchas na pele, segundo ela, são bastante comuns em casos de zika desde o início da doença e, nas infecções por dengue e chikungunya, quando aparecem, chegam entre o terceiro e o quinto dia.
Sintomas
“A dor de cabeça pode aparecer nos três casos, sendo que, na dengue, é mais intensa. O quadro de dores no corpo também pode se manifestar nas três doenças. Já a articulação inflamada é pior na febre chikungunya e dura até três semanas. Temos também a conjuntivite, que pode aparecer em infecções por chikungunya e zika, mas por dengue não”, explicou.
As grávidas já eram consideradas grupo de risco para infecções por dengue e agora também são motivo de preocupação para infecções por zika, diante da relação do vírus com casos de microcefalia. A especialista defendeu a urgência no desenvolvimento da detecção do vírus por exame de sangue para as três doenças, para que se tenha precisão no diagnóstico e melhor acompanhamento de cada quadro.
Números
Dados do Ministério da Saúde indicam que, entre janeiro e novembro deste ano, foram notificados 1.566.510 casos de dengue no país. Neste período, o Sudeste registrou o maior número de casos, 63,1% do total; seguido pelo Nordeste, com 18,4%; Centro-Oeste, com 13,2%; Sul com 3,3%; e Norte, com 2%. Foram confirmados 828 óbitos por dengue, o que representa um aumento de 79% em comparação com o mesmo período de 2014, quando 463 pessoas morreram de dengue.
Já os casos de febre chikungunya notificados em 2015 totalizaram 17.765. Destes, 6.784 foram confirmados, sendo 429 por critério laboratorial e 6.355 por critério clínico-epidemiológico. Os demais 9.055 continuam sob investigação. Uma vez caracterizada a transmissão sustentada da doença em uma determinada área, com a confirmação laboratorial dos primeiros casos, a orientação do Ministério da Saúde é que os demais casos sejam confirmados por critério clínico-epidemiológico.
Último boletim
O último boletim do governo sobre zika vírus indica que, até o dia 12 de dezembro, foram notificados 2.401 casos de microcefalia – quadro relacionado à infecção por zika em gestantes – em 549 Municípios de 20 Estados. Desses, 134 tiveram a relação com o vírus confirmada, 102 foram descartados – não têm relação com o zika – e 2.165 estão sob investigação.
O balanço mostra ainda que 29 óbitos por microcefalia foram notificados desde o início do ano: um no Ceará, que teve a relação com o zika confirmada; dois no Rio de Janeiro, onde foi descartada a relação com o zika; e 26 estão sendo investigados.
Agência CNM, com informações da Agência Brasil