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10/08/2018
Universitários que utilizam maconha têm menos desempenho acadêmico
O desempenho dos universitários que fumam maconha é inferior ao daqueles que não usam a droga, segundo revelou pesquisa realizada pelo economista Alvaro Alberto Ferreira Mendes Junior, doutorando da Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Universidade Federal de Minas Gerais (Cedeplar/UFMG). Os índices de aprovação em todas as disciplinas são maiores entre os não fumantes e, entre os usuários, tendem a diminuir à medida que aumenta a frequência do consumo.
As informações mais significativas mostram que apenas 50,7% dos estudantes que fumam maconha passaram direto em todas as disciplinas, enquanto entre os não usuários a proporção foi de 66,1%. E só 49,6% dos usuários com risco alto ou moderado de dependência tiveram esse desempenho; a proporção foi de 66,1% para aqueles com risco baixo ou nulo. Os dados utilizados na tese foram gerados por entrevistas feitas em 2009, com 12.711 estudantes de 100 universidades, públicas e privadas.
“Nossa melhor estimativa indica, por exemplo, que os alunos que pertencem às classes A e B têm 120% mais chances de consumir a Cannabis quando comparados aos das classes C, D e E. Mas, uma vez iniciado o consumo, muitos estudantes de menor poder aquisitivo progridem para o consumo de risco. Dez por cento dos usuários oriundos da classe C apresentam risco alto de dependência para a Cannabis. Entre os classificados na classe A, são apenas 3,1%”, salienta Mendes.
Custo social
Para auxiliar no embasamento da tese, ele buscou informações sobre as experiências internacionais e encontrou numerosos estudos que projetam custos muito altos para a sociedade do consumo de drogas como a maconha. Estimativas produzidas nos Estados Unidos mencionam que os gastos com as consequências desse consumo seriam quatro vezes maiores que as receitas advindas da legalização. “No Brasil, um em cada três cigarros de tabaco é contrabandeado, o que tende a se repetir com a maconha. E o poder dos traficantes certamente seria capaz de manter o monopólio da venda da droga. Além disso, pesquisas mostram que o consumo no Brasil, que ainda é baixo se comparado ao de países desenvolvidos, aumentaria significativamente com a legalização”, alerta.
Seguindo esta linha, ele defende que, com base nos resultados de seu trabalho, a defesa da legalização da maconha é baseada mais no interesse próprio dos proponentes do que em evidências científicas. “O lobby pela legalização é feito sobretudo por usuários, representantes da contracultura, fundações internacionais e especialistas”, além do fato de que a legalização leva ao agravamento de questões relacionadas à saúde pública e a prejuízos para o desempenho dos estudantes.
O pesquisador está desenvolvendo um livro de abordagem abrangente sobre a Cannabis, mas já antecipa que o mais eficaz é reduzir a demanda, por meio de um pacto social contra o consumo.
Observatório do Crack
O uso de drogas faz parte da realidade de milhares de Municípios brasileiros. A CNM acompanha periodicamente informações relativas ao crack, por meio do Observatório do Crack, criado em 2011. Ele apresenta, por meio de mapas, um retrato de como as cidades têm sido afetadas pela droga. O portal serve de subsídio para jornalistas, pesquisadores, gestores municipais, cidadãos e outros interessados na questão.
Para a entidade, a construção de ações e políticas públicas de prevenção ao uso de drogas deve estar ancorada em dados confiáveis. A pesquisa se mostra como mais um instrumento para aprofundar a discussão sobre a temática das drogas no Brasil.
Da Agência CNM de Notícias com informações da UFMG.