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15/01/2016
Teste molecular reforça elo entre Zika e microcefalia em recém-nascido
O resultado de um teste padronizado pela equipe da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP) reforça a tese de que o zika vírus está intimamente relacionado à microcefalia. O exame, feito com base na análise do sangue, identificou a presença de anticorpos contra o zika na mãe e em um bebê com a má-formação nascido na cidade paulista.
“Essa é mais uma peça que se encaixa no quebra-cabeça”, afirma o professor de infectologia da faculdade e coordenador do estudo, Benedito Antonio Lopes da Fonseca. A equipe liderada por Fonseca prepara agora uma pesquisa que, com apoio da Secretaria de Saúde de São Paulo, vai acompanhar cerca de 3 mil gestantes até o nascimento de seus bebês. A expectativa é iniciar o monitoramento já a partir do próximo mês.
As gestantes serão recrutadas em Ribeirão Preto. Pelos cálculos da equipe da Faculdade de Medicina da USP, ao longo do trabalho serão feitas análises em cerca de 8 mil amostras de sangue de voluntárias e, em outra etapa, dos bebês. A partir desse acompanhamento, será possível avaliar quais problemas as mulheres apresentam ao longo da gestação.
Comprovação
Até agora, foi comprovada a presença do zika em amostras coletadas do líquido amniótico de quatro fetos com microcefalia e em três bebês com a má-formação, que morreram logo depois de nascer. As análises foram feitas pelo teste Reação em cadeia da polimerase (PCR), um exame que permite identificar o genoma do vírus em amostras ou tecidos. Todas as mães haviam apresentado sintomas semelhantes: febre baixa, manchas e coceiras pelo corpo.
O teste feito pela equipe de Fonseca deixou clara a infecção da mãe, algo que até agora era deduzido. “É um achado forte, que se junta ao conhecimento que vem sendo construído. Mas um dos aspectos mais relevantes do nosso trabalho é a obtenção de uma ferramenta que dê mais chances de se fazer um estudo prospectivo”, avalia.
Novo estudo
Para o professor, análises feitas atualmente mostram algo que ocorreu no passado. “Há indícios fortes de que a microcefalia no caso desses bebês está associada à infecção da mãe pelo zika”, disse. “Mas, para entendermos melhor o processo, para fazermos afirmações categóricas, o ideal é realizar um estudo que acompanhe todo o período: desde o início da gestação até o nascimento.”
O teste foi feito em dezembro, em uma mulher que apresentou, no segundo mês de gravidez, sintomas compatíveis com zika. Na época, ela vivia em Pernambuco. O bebê, uma menina, nasceu em Ribeirão Preto.
Novos datos
Pesquisadores e médicos começaram a identificar, nos últimos dois meses, que, além da microcefalia, uma parte de bebês apresenta também outros problemas de saúde: alterações visuais, nas articulações, problemas de audição e, a mais nova suspeita, disfunções cardíacas.
A diretora do Instituto de Pesquisa Professor Joaquim Amorim Neto, Adriana Melo, afirma que algumas crianças, além de perímetro cefálico menor que 32 centímetros, apresentam alterações severas no cérebro. “Em alguns pacientes, o quadro é muito mais grave do que a microcefalia que conhecíamos até então.”
Da Agência CNM, com informação da Agência Estado