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19/06/2020
Terceira fase da pesquisa Epicovid-19 começa domingo (21); resultados confirmam números oficiais subestimados
A pesquisadora da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel) Mariângela Freitas e a diretora do Ibope Inteligência Márcia Cavallari participaram de edição especial do Roda de Conhecimento nesta quinta-feira, 18 de junho. Com o tema Epicovid-19 identifica transmissão acelerada do coronavírus em cidades brasileiras, o programa - que é transmitido semanalmente nas redes sociais da Confederação Nacional de Municípios (CNM) - apresentou os resultados da segunda etapa da pesquisa e as datas da terceira fase, que começa no próximo domingo, 21.
Denilson Magalhães, supervisor do Núcleo de Desenvolvimento Social da CNM, lembrou do avanço da doença no país. “Em 28 de março, tínhamos apenas 296 Municípios com casos de coronavírus. Em 28 de maio, 60 dias depois, eram 4026. Número que está aumentando. E, como a realidade é distinta de uma região para outra, o pico vai se dar em momentos diferentes dependendo da cidade. Não podemos projetar um pico para todo o Brasil”, observou. Na pesquisa da Ufpel, participam 133 cidades brasileiras.
O objetivo, como Mariângela explicou, é identificar quantas pessoas de fato foram infectadas, como a pandemia evolui, quais as regiões mais afetadas, quão frequente é a transmissão intrafamiliar e qual a real taxa de letalidade. “Os casos sintomáticos severos nós temos notificação, porque as pessoas vão aos hospitais. Mas queremos saber quantas pessoas realmente foram infectadas, incluindo as assintomáticas ou que tiveram sintomas leves. O que já sabemos é que as estatísticas oficiais são subestimadas, porque não testamos todo mundo”, justificou.
Resultados
Na primeira etapa, os pesquisadores tiveram dificuldades para testar a população, que não tinha conhecimento da pesquisa. A CNM entrou como parceira para sensibilizar os gestores municipais e os habitantes. “É uma pesquisa relevante para sabermos como está a transmissão do vírus nas nossas cidades. E todos os que participarem vão receber os resultados e análises, o que é fundamental para orientar os gestores no planejamento e na realização de ações de prevenção e controle”, ressaltou Magalhães.
A professora da Universidade de Pelotas contou que, na primeira etapa, realizada entre 14 e 21 de maio, eles identificaram que as cidades com maior prevalência da doença eram as da região Norte. Também atestaram a contaminação entre crianças, que só não apresentam tantos os sintomas, e entre pessoas de etnias indígenas; além de a maioria dos infectados ser do sexo masculino e de regiões mais pobres.
Já na segunda fase, ficou estimado 1,9 milhão de pessoas infectadas no país infectadas nas 120 cidades sentinelas. Para cada caso confirmado, espera-se que existam seis pessoas com anticorpos, um aumento de 50% na proporção da população com esses anticorpos. Boa Vista era a cidade com maior prevalência, enquanto as regiões Norte e Nordeste contavam com a maior concentração de infectados.
Orientações
“Estamos vendo que continua acelerado o número de casos e, provavelmente, não atingimos o pico em nenhuma cidade, ainda que existam as diferenças regionais. E tem outra informação que os gestores devem considerar além dos casos. A ocupação dos leitos e oferta dos serviços de saúde. Não adianta o Município achar que pode liberar o isolamento por ter poucos casos se já tem 100% de ocupação desses leitos. Então é um equilíbrio”, ponderou Mariângela.
A diretora do Ibope agradeceu o apoio das prefeituras, órgãos públicos e secretarias de saúde na segunda fase e adiantou que os próximos testes serão realizados de 21 a 23 de junho. “Muitos prefeitos fizeram lives sobre o trabalho e a importância, o que facilitou que tivéssemos mais portas abertas. As pessoas estavam mais informadas e conscientes”, relatou. Márcia Cavallari garantiu que os entrevistadores são testados em várias etapas para garantir a segurança dos entrevistados.
Antes de concluir, ela fez um alerta: nem o Ibope nem a Universidade coletam informações por whatsapp. Dúvidas podem ser esclarecidas no número 0800 800 5000 ou pelos e-mails pesquisa.covid-19@ufpel.edu.br e pesquisa.covid-19@ibopeinteligencia.com. No site, também é possível consultar o nome de todos os pesquisadores que estão na rua realizando os testes.
Assista à íntegra da transmissão:
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Por Amanda Maia
Da Agência CNM de Notícias