Home / Comunicação / Situação de emergência é decretada por aumento de casos de microcefalia no Nordeste
Notícias
12/11/2015
Situação de emergência é decretada por aumento de casos de microcefalia no Nordeste
Foi decretada emergência sanitária nacional, por causa de um surto em Pernambuco de nascimento de bebês com microcefalia, má-formação que causa sérias deficiências de desenvolvimento. Até o momento, foram notificados 141 casos em 55 Municípios. A maioria foi registrada a partir de outubro e uma das suspeitas é de ligação com o vírus da zika.
O número é 15 vezes superior à média do período 2010-2014: 9 casos por ano. Há ainda notificações em Rio Grande do Norte e Paraíba, mas em menores proporções. “Não há registro de uma situação como essa na história recente”, diz o diretor do Departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis do ministério, Cláudio Maierovitch.
É a primeira vez que o País decreta emergência sanitária, desde que se definiram regras para o uso desse mecanismo, em 2011. Ela permite que governo dispense licitação para compras e contratações, além de facilitar a criação de grupos de investigação. Além de trabalhar com Estados e Municípios, o governo deve ter a colaboração de institutos de pesquisas internacionais, como o Centro de Controle de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, e o Instituto Pasteur, da França.
Consequências
Bebês com microcefalia nascem com perímetro cefálico menor do que a média. O problema pode ser provocado por uma série de fatores, desde desnutrição da mãe e abuso de drogas, até infecções durante a gestação, como rubéola, toxoplasmose e citomegalovírus. Uma das hipóteses avaliadas pela equipe que investiga o surto é a contaminação da mãe pelo zika. Transmitido pelo Aedes aegypti, o mesmo mosquito que provoca a dengue, o vírus causa uma reação que até agora era dada como de pouca importância nos adultos: febre baixa, coceiras, manchas vermelhas pelo corpo. A doença chegou ao Brasil neste ano e atingiu principalmente Estados do Nordeste.
O aumento de casos de bebês com microcefalia coincide com o período em que gestantes poderiam ter tido contato com o vírus. No início do ano, Pernambuco enfrentou uma epidemia de dengue e zika. Foram 113.328 infecções no Estado, cinco vezes mais do que havia ocorrido em 2014. “É uma das causas que serão investigadas”, contou o professor da Universidade Federal de Pernambuco e colaborador da Fiocruz Carlos Brito.
Zika
O Ministério da Saúde considera grandes as chances de que o expressivo aumento de nascimento de bebês com microcefalia esteja relacionado com uma doença infecciosa, transmitida por mosquitos. São duas as razões para isso: o aparecimento súbito de pacientes e o fato de os casos estarem espalhados por várias regiões de Pernambuco. O caso foi já foi levado à Organização Pan-Americana de Saúde (Opas).
Há duas semanas, um grupo da Vigilância do Ministério da Saúde está no Estado. Mães e bebês estão sendo submetidos a exames específicos. “O problema é que um eventual contato do bebê com algum vírus ocorre ainda durante a gestação. O resultado negativo para a pesquisa do vírus não necessariamente quer dizer que bebê e mãe não foram contaminados. São necessários testes sorológicos”, avalia Brito.
Outros Estados
No Rio Grande do Norte, até o início da semana, haviam sido identificados 10 bebês com microcefalia. Há ainda outras 11 gestantes com bebês que já tiveram o diagnóstico da má-formação. “Das gestantes analisadas, 70% apresentaram relatos de manchas pelo corpo e coceiras durante os primeiros meses da gestação”, disse o pesquisador Kleber Luz, da Fiocruz.
Qualquer que seja a causa, o impacto para a saúde pública e para as famílias é grande. “Crianças que nascem com microcefalia têm de ser acompanhadas regularmente. Vão precisar de fisioterapia e terapia ocupacional”, explica a neurologista infantil Adélia Henrique Souza, uma das primeiras a identificar o aumento do número de casos em Pernambuco.
Da Agência CNM, com informação da Agência Estado