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27/04/2022
Relatos de luta e força marcam primeira reunião do grupo de trabalho do MMM
Após enfrentar o machismo, a insegurança, o julgamento alheio e a máquina pública, a prefeita eleita teve de lidar também com pedidos de cassação, acolhidos pela Câmara de Vereadores e colocados em andamento. A mesma situação foi vivida por duas prefeitas, e elas fizeram os relatos durante a 1º reunião do grupo de trabalho do Movimento Mulheres Municipalistas (MMM) 2020-2024, na tarde desta quarta-feira, 27 de abril.
O encontro ocorrido no Centro de Convenções Internacional (CICB), paralelamente à programação da XXIII Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios, foi coordenado pelas fundadoras, Tania Ziulkoski e Dalva Christofoletti, com objetivo de conhecer as sensibilidades de cada representante regional e de definir as próximas ações do movimento. Elas demonstraram satisfação por poder promover o encontro presencial, passada a fase mais crítica da crise sanitária da Covid-19.
A inspiração trazida pelas duas municipalistas foi enaltecida pelas participantes. “Mesmo a distância, nós trabalhamos muito”, disse Dalva. E dentre a agenda de realização, Tania comentou sobre o evento internacional promovido a distância com municipalistas de Portugal e da Espanha. A técnica da CNM e assessora do movimento, Thais Mendes, apontou os diretórios regionais lançados nos dois últimos anos e a atuação das prefeitas de primeiro mandato em busca de conseguir mais mulheres para a política.
Cassação
Nordestina de origem e com poucos anos em São Félix do Araguaia (MT), Janailza Leite foi a primeira mulher eleita no Município. Ela fala do desafio de gerir uma cidade com 16.713 km², que faz divisa com a Ilha do Bananal. “Fui eleita com mais de 60% dos votos, e cinco vereadores tentaram me tirar do cargo. Respondi a três processos de cassação”, contou a prefeita. Ela incentiva as colegas a buscarem por sua vocação.
Também do Centro-Oeste, a prefeita de Jardim (MS), Clediane Matzenbacher, contou experiência bem parecida de enfrentamento à cassação. “Criei a Associação Laços de Maria, em referência a Maria da Penha, em convênio com a Polícia Militar, para trabalhar com as mulheres vítimas de violência”, contou ao relatar o caminho percorrido até a decisão de se candidatar. Também enalteceu o apoio recebido pela família e pela deputada federal Tereza Cristina (PP-MS).
Presenças
Durante o encontro, também fizeram o uso da palavra as prefeitas de Monteiro (PB), Anna Lorena; de Capela (SE), Silvany Mamlak; de Xambioá (TO), Patrícia; do Senador Rui Palmeira AL, Jeane Moura; de Pérola (PR), Valdete Cunha; de Quiterianópolis (CE), Priscila Barreto; e de Astorga (PR), Suzie Pucillo. De modo geral, elas chamaram a atenção para a necessidade de coragem para se colocar, para falar sempre e “para mostrar para que veio”. Dentre as características comuns, elas demonstram intrepidez para não se abater diante de críticas e coragem de assumir responsabilidades, dando espaço a outras mulheres.
A primeira-dama de Santarém (PA), Celsa Brito, também marcarcou presença no encontro das municipalistas. Para incentivar sua esposa e as demais prefeitas do Ceará a fazerem parte do MMM, o presidente da Associação dos Prefeitos do Ceará (Aprece), Júnior Castro, esteve na reunião. Segundo ele, se tivessem mais mulheres em cargos eletivos, o país seria outro.
Por Raquel Montalvão
Foto: Ag. CNM
Da Agência CNM de Notícias