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11/05/2016
Produção de energia por meio de fracking é extremamente danoso ao meio ambiente, afirma especialista
Os impactos ambientais da extração de gás do subsolo por meio de fracking – perfuração do solo - e a coleta seletiva de resíduos sólidos foram temas da Arena Temática de Meio Ambiente e Saneamento. O evento aconteceu paralelo a programação da XIX Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios na tarde desta quarta-feira, 11 de maio.
A Arena contou com a participação da doutora e diretora da Organização Não Governamental (ONG) climática 350.org, Nicole Figueiredo. A especialista, alertou, aos gestores presentes na Arena, que o fracking é um método de extração de gás para produção energia elétrica que é extremamente danoso à saúde, ao meio ambiente e à produção agropecuária dos Municípios onde essa atividade ocorre.
Segundo Nicole, o processo consiste em perfurar o subsolo com jatos de água, areia e mais de 600 substâncias tóxicas, o que gera tremores de terra e contaminação dos recursos hídricos, do solo e do ar.
Exemplos no mundo
A especialista alertou ainda que “recentemente a justiça do Estado da Pensilvânia condenou uma empresa de fracking a pagar uma indenização de US$ 4,2 milhões a duas famílias cujo manancial se contaminou em função dessa atividade”. Nicole explicou que no Brasil, em evento similar, uma hipotética empresa poluidora muito provavelmente conseguiria fugir da condenação ou atenuar sua pena, tanto em função da morosidade da nossa justiça.
“Não utilizemos a técnica do fracking no Brasil: o potencial ganho econômico dessa atividade não compensa os riscos, que ainda não conseguimos mensurar em sua totalidade”, explicou a doutora.
A preocupação da especialista à medida que o Governo Federal for aprofundando as medidas de estímulo às energias renováveis, tanto pelo lado da demanda quanto pelo lado da oferta, esse interessante mercado tem tudo para deslanchar.
Para ela está nas mãos dos Municípios, que são responsáveis pela gestão de solos, estradas e das águas – rios, córregos e nascentes -, não deixar que esta atividade tão danosa avance. Segundo Nicole, mais de 40 Municípios já criaram leis proibindo a extração em seus territórios.
O gestor de Toledo (PR), Beto Lunitti, é um dos prefeitos que já proibiu a atividade no Município. Na Arena o gestor falou que será criada uma comissão de estudos para “provocar um discursão sobre o assunto e apresentar aos prefeitos o quanto está extração é danosa, principalmente, nas áreas onde são produzidos nossos alimentos”.
Gestão de resíduos sólidos
Ainda na Arena, bons exemplos municipais na gestão de resíduos sólidos foram apresentados por prefeitos. A gestora de Dois Irmãos (RS), Tânia Terezinha da Silva, que tem boas práticas na área ministrou uma pequena palestra. Tânia contou como começou a gestão de resíduos sólidos “A 22 anos atrás, quando pouco se sabia de coleta de resíduos sólidos, o Município tinha lixões a céu aberto. Uma autuação do Ministério Público, levou o gestor na época a criar políticas para melhorar esta gestão. Assim, começou a ser feita a coleta seletiva do lixo”, contou.
Segundo Tânia, assim foram sendo feitas políticas pensadas na qualidade ambiental do Município. “Passo a passo, os gestores não desistiram que fomentar a gestão de resíduos sólidos. E foram criadas cooperativas de reciclagem”, explicou. “Hoje nós fazemos muitos investimentos, e que são necessários, mas o material sai do Município pronto para venda. São 35 famílias beneficias pela cooperativa”.
A prefeita fez ainda um alerta aos prefeitos que ainda não fizeram seus Planos Nacionais de Resíduos Sólidos, que é obrigatório por lei. “Prefeitos, não esperem que o prazo chegue ao fim para começar a gestão de resíduos sólidos. Sabemos que investimentos são necessários, mas o bem ambiental que os Municípios terão como retorno são imensuráveis”, finalizou.