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14/01/2022
Primeiro Município do Brasil tombado pela Unesco, Ouro Preto perde casarão histórico
Com deslizamento de terra e desmoronamento do Morro da Forca, dois imóveis históricos de Ouro Preto, em Minas Gerais (MG), foram destruídos na quinta-feira, 13 de janeiro. Um deles era tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como parte integrante do conjunto arquitetônico e urbanístico do Município. Não houve vítimas na ocorrência, mas desastres com fortes chuvas no Estado já vitimaram 29 pessoas (leia abaixo levantamento da Confederação Nacional de Municípios).
Ouro Preto foi o primeiro Município brasileiro, em 1980, a ser reconhecido pela Unesco como Patrimônio Mundial, tendo em vista seu valor cultural e a sua preservação, imposta a partir do cumprimento de medidas de proteção realizadas após seu tombamento. A perda de equipamentos culturais apresenta significativos prejuízos para um Município que vivencia rotineiramente a cultura e o turismo.
O patrimônio cultural, por sua própria natureza, acumula elementos que conferem memória e identificam uma sociedade. A mencionada catástrofe, com a destruição de bens que agrupavam tais elementos, causou danos culturais irreversíveis, uma vez que mesmo que as edificações possuam registros documentais, não poderão mais ser acessadas pela coletividade e pelas gerações futuras.
Turismo perde patrimônio
Um dos imóveis atingidos, um casarão do século XIX, era a primeira construção em estilo neocolonial de Ouro Preto, segundo o prefeito, Angelo Oswaldo. O imóvel pertencia à prefeitura, e a região do morro estava interditada desde quarta-feira (12) para avaliações. Em entrevista à imprensa local, o prefeito informou que há um projeto de contenção que deve ser realizado.
Inicialmente, o imóvel pertencia a uma tradicional família de comerciantes e estava localizado às margens do Córrego Funil, próximo à Estação Ferroviária, que era um local em amplo desenvolvimento em Ouro Preto, antes da transferência da capital para Belo Horizonte. O Solar Baeta Neves era protegido pelo Iphan e havia sido restaurado pelo Programa Monumenta. O casarão não era tombado isoladamente, mas fazia parte do conjunto arquitetônico e urbanístico de Ouro Preto. Em 2012 já havia sido interditado devido a outros deslizamentos.
Chuvas no Brasil e em Minas
De acordo com levantamento da CNM, as chuvas que assolam o Estado de Minas Gerais já somam prejuízos de R$ 4,3 bilhões em todos Municípios afetados no período de 1º de outubro a 12 de janeiro. Mais de 6.800 casas foram danificadas e destruídas e há registro de 29 óbitos.
No Brasil, no mesmo período, são 945 decretos de situação de emergência e prejuízos de mais de R$ 11,1 bilhões. Nesse período de chuvas, já há registro de 55 mortes no país, cerca de 51 mil desabrigados e mais de 2 milhões de pessoas afetadas.
Da Agência CNM de Notícias
Foto: Reprodução