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13/11/2018
Prefeitas têm experiência política e formação superior, mas enfrentam dificuldades na gestão
As mulheres prefeitas são poucas e estão à frente das localidades pequenas e mais pobres. Elas comandam 649 prefeituras, que representam 12% dos Municípios brasileiros, mas apenas 7% da população do país. Do total de gestoras em exercício, 91% foram eleitas em locais com até 50 mil habitantes, 88% tinham atuação política antes de se elegerem e 46% concorreram pela primeira vez ao cargo em 2016. Enquanto 50% dos prefeitos têm ensino superior, 71% das lideranças femininas concluíram o curso de graduação. Proporcionalmente, a região Nordeste é a que tem mais prefeitas, com 16% de representantes eleitas.
A constatação é do Instituto Alziras, em pesquisa divulgada nesta terça-feira, 13 de novembro, no Rio de Janeiro. O estudo inédito Perfil das prefeitas no Brasil 2017-2020 revela as características das gestoras e das localidades que elas governam, as dificuldades e as prioridades de sua atuação política. Entre as instituições parceiras que apoiaram o levantamento, estão a Confederação Nacional de Municípios (CNM), a Frente Nacional de Prefeitos (FNP) e a Associação Brasileira de Municípios (ABM). O financiamento é do Instituto Clima e Sociedade (iCS) e da MRS Logística.
Durante o lançamento no Centro de Referência do Artesanato Brasileiro (CRAB), pesquisadoras e representantes das entidades promoveram debate com prefeitas, deputadas eleitas e vereadoras. Representando a CNM e o Movimento Mulheres Municipalistas (MMM), a prefeita de Monteiro Lobato (SP), Daniela Brito, abriu a parte de divulgação do estudo. “A participação da CNM possibilitou que a maioria dos Municípios de pequeno porte pudesse ter suas prefeitas ouvidas. Até então os números e dados que tínhamos eram quantitativos, a pesquisa vai a fundo nas questões que enfrentamos. Me senti apoiada por ter um Instituto e pessoas interessadas em saber minha trajetória e dificuldades para poder contribuir com avanço”, destacou.
Dificuldades
Daniela lamentou a ausência da fundadora do MMM Tânia Ziulkoski, também convidada para o evento. No debate Perspectivas e desafios para as mulheres nas eleições municipais de 2020, a prefeita pôde compartilhar com outras gestoras experiências nos cargos políticos. Como as dificuldades com assédio ou violência política pelo simples fato de serem mulheres (relatado por 53% das entrevistadas da pesquisa); a falta de recursos para a campanha (48%); e a falta de espaço na mídia em comparação com políticos homens (24%).
Para 85% delas, as áreas de educação e saúde são prioridade, seguidas pela gestão e administração pública, listada por 42% das prefeitas como focos do mandato. Em seu depoimento, a prefeita de Monteiro Lobato refletiu sobre a importância da visibilidade. “A liderança é muito solitária para todo mundo, e, para nós, ainda mais. Temos que contar nossa história, o que a gente passou para chegar aqui. Outras mulheres se identificam com as dificuldades e por isso precisamos mostrar que superamos e que tem outras pessoas para apoiá-las. Só assim vamos conseguir mudar a realidade do país”, concluiu.
A pesquisa comprova a constatação das debatedoras: 69% das prefeituras chefiadas por mulheres têm ações específicas para esse público e 55% tem se secretariado composto por mais de 40% de lideranças femininas. Se vale a pena enfrentar todos os obstáculos para promover melhorias para a população e para futuras gestoras? Os números provam que sim: 56% pretendem concorrer a novas eleições no futuro e 32% consideram manutenção do cargo política uma possibilidade.
Estiveram presentes:
Mesa 1 – abertura: Daniela de Cassia (CNM/MMM), Ana Carolina Querino (ONU Mulheres), Tania Portugal (ABM), Armando Clemente (Sebrae-RJ), Veronica Mageste (MRS Logística)
Mesa 2 – debate: Flávia Biroli (Instituto de Ciência Política da UnB), Schuma Schumaher (Redeh) e Michelle Ferretti (Instituto Alziras).
Por: Amanda Maia
Foto: Instituto Alziras
Da Agência CNM de Notícias