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06/04/2020
Políticas de enfrentamento ao coronavírus: usuários de drogas são público vulnerável
A aglomeração em locais sem infraestrutura, o compartilhamento de objetos, a circulação entre bairros e até mesmo Municípios, além da saúde frágil e já debilitada, são fatores que tornam os usuários de drogas público de risco ao novo coronavírus. Com a pandemia, prefeituras e secretarias terão de elaborar um plano estratégico de enfrentamento à Covid-19 que envolva esses indivíduos. O alerta é da Confederação Nacional de Municípios (CNM).
Mariana Boff Barreto, responsável pelo Observatório do Crack - plataforma desenvolvida pela entidade municipalista para acompanhar o tema - reforça a importância do alinhamento entre as áreas de saúde e de assistência social. “É uma população já vulnerável pela própria questão do uso de drogas, que acarreta em um sistema imunológico comprometido e a falta de cuidados como um todo. Em meio ao caos, os governos não podem deixar esse grupo invisível”, defende.
Por ser uma situação nova no país, ainda não existem dados e pesquisas que indiquem o contágio do coronavírus entre os usuários. “Eles são itinerantes, circulam muito dentro dos Municípios e até mudando de cidade. São, portanto, possíveis disseminadores da doença”, completa Mariana.
Centros urbanos e atendimentos
Desde a semana passada, imagens da maior cena de uso no Brasil, conhecida como Cracolândia, em São Paulo, têm chamado atenção por irem de encontro às recomendações dos órgãos de saúde de isolamento social e medidas sanitárias. A rotina dos usuários não mudou e entre 600 e mil pessoas continuam se aglomerando no local, segundo a Polícia Militar. Um cenário difícil de ser mudado, que se repete em diferentes proporções em outros centros urbanos do país e que se agrava com a crise econômica e o aumento na demanda de serviços públicos de saúde e socioassistenciais.
A Secretaria Municipal da Saúde garantiu que as equipes do programa consultório na rua e do projeto redenção - compostas por médicos, enfermeiros, assistente social e agentes de saúde para orientação, atendimento e encaminhamentos para unidades de saúde se for necessário - estão disponíveis. Mesma orientação tem sido feita pela área de Assistência Social da CNM. Nos últimos dias, a entidade publicou matérias e Notas Técnicas no site para reforçar a importância de se manter os atendimentos e reorganizar os trabalhos.
A suspensão dos encontros do Narcóticos Anônimos, instituição sem fins lucrativos, também terá impacto na recuperação dos usuários de drogas. Diversos grupos que trabalham de maneira semelhante, com encontros presenciais e em grupo, têm feito o mesmo. Uma alternativa é sugerir aos participantes a realização de reuniões virtuais.
Da Agência CNM de Notícias com informações do G1 e do Estado de São Paulo
Foto: Tânia Rego/Ag. Brasil