Notícias
20/03/2018
Município paraense compartilha boa prática no Fórum Mundial da Água
A tarde desta terça-feira, 20 de março, foi marcada por dois debates importantes no 8º Fórum Mundial da Água. Um deles sobre as estratégias para lidar com a lacuna de saneamento. A Confederação Nacional de Municípios (CNM) foi representada pelo prefeito de Abaetetuba (PA), Alcides Eufrásio, que dividiu com os participantes do encontro um projeto exitoso local.
O debate foi aberto com a fala da relatora especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para Água e Saneamento, Catarina Albuquerque. Ela destacou o caráter negativo associado com o tema do saneamento básico, frequentemente colocado em segundo plano em favor da oferta de água potável. “Os políticos gostam de inaugurar fontes de água e não banheiros”, comentou.
Em seguida, Albuquerque pontuou três aspectos importantes a respeito do saneamento básico. O primeiro deles é que se trata de um assunto pouco simpático, portanto, negligenciado. O segundo é a necessidade de olhar para o problema com a perspectiva de gênero, uma vez que as necessidades das mulheres em termos de higiene são diferentes das necessidades dos homens. Por exemplo, na saúde menstrual e reprodutiva.
Por fim, a especialista citou a falta de imaginação dos governadores políticos. Na sua visão, os gestores precisam pensar soluções criativas em resposta ao problema de acesso ao saneamento básico. Essa foi justamente a proposta do Município de Abaetetuba, palco do Projeto Salta-Z.
Criatividade que transborda
A iniciativa consiste, basicamente, em oferecer água potável, a partir do tratamento da água bruta, que vem dos rios. A cidade enfrenta problemas com a falta do recurso próprio para o consumo humano. “Chega a ser até contraditório. Um Município cercado por água, que tem na água um de seus principais problemas”, completou o prefeito Eufrásio.
Como explicou o gestor municipal, a dificuldade maior está na parte do Município onde se abrigam as 72 ilhas. Durante a sua fala, ele reforçou o pioneirismo do projeto que também contribui para movimentar a agricultura local.
“O açaí, que é extraído na nossa região, não vai apenas para fora, para exportação. Ele vai para o nosso povo, que não poderia plantar sem uma água própria”, explicou.
Como funciona
O Projeto Salta-Z utiliza uma estrutura elevada, responsável por fazer a captação da água barrenta dos rios e levar até um recipiente. Essa etapa dura cerca de meia hora. Logo mais, o recurso recebe um tratamento com sulfato de alumínio para dirimir as impurezas, que serão filtradas e conduzidas pelo dreno. Abaixo, no térreo, uma caixa recolhe os sedimentos produzidos, que podem ser convertidos em outros produtos.
Segundo o prefeito, todo o processo dura aproximadamente uma hora. Abaetetuba já possui cinco sistemas como esse, distribuídos em cinco ilhas locais. A meta é alcançar a cobertura de 54 ilhas, que representam 75% do total existente no Município.
Reconhecimento nacional
Em virtude de seu pioneirismo, a cidade paraense teve seu projeto reconhecido como um dos 15 finalistas do Prêmio MuniCiência. Os resultados foram divulgados nesta semana. Conduzida pela Confederação, a iniciativa tem como objetivo coletar boas práticas municipais em todo o país, como forma de estimular a troca de experiências e a implementação em outros Municípios.
O prefeito Eufrásio agradeceu o momento de fala e demonstrou, ao final, a sua satisfação em poder compartilhar o projeto dentro do 8º Fórum Mundial da Água, bem como chegar até os finalistas do MuniCiência. O painel abriu um espaço para que os participantes pudessem debater não apenas os entraves, mas também as soluções ao redor do globo. A cidade paraense foi elogiada.