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30/06/2016
Maior estudo sobre efeitos do vírus zika em crianças leva Brasil a avaliar mudanças no protocolo de microcefalia
A microcefalia e o histórico de exantema durante a gestação são critérios insuficientes para identificar as consequências da infecção pelo vírus zika em recém-nascidos. A constatação faz parte de um estudo publicado nesta quarta-feira, 29 de junho, pela revista científica britânica, The Lancet. Este é o maior estudo já feito sobre o tema no mundo. Os resultados do estudo sugerem que os sinais e sintomas de alterações neurológicas sejam incluídos como critérios para triagem dos bebês, independentemente da presença ou não de microcefalia.
Com base neste achado, o Ministério da Saúde já está estudando a adequação do atual Protocolo de Vigilância e Resposta à Ocorrência de Microcefalia e/ou Alterações do Sistema Nervoso Central. Vale ressaltar que a investigação de outras causas já é realizada pelo Ministério da Saúde em articulação com Estados e Municípios, por meio dos testes de audição e visão.
O estudo foi feito em parceria com a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), a Sociedade Brasileira de Genética Médica, o Centro Latino Americano de Perinatologia da Organização Pan Americana de Saúde (OPAS/OMS) e a Universidade de Harvard, dos Estados Unidos. Foram analisados 1.501 nascidos vivos, que já haviam sido investigados pelas secretarias estaduais e municipais de saúde. Antes, o maior estudo havia analisado 104 crianças.
A pesquisa mostra que, de cada cinco crianças com infecção congênita pelo vírus zika (confirmada ou provável) uma não apresentava microcefalia, indicando que 80% das crianças foram captadas por meio da investigação utilizando o critério de microcefalia e exantema. “Estamos adequando nossos protocolos a esses achados para ampliar as investigações e melhorar nosso sistema de vigilância. Neste momento, o Brasil e o mundo já acumularam mais conhecimentos sobre a doença e podemos, com esse aprendizado, aprimorar o monitoramento das consequências da infecção congênita pelo vírus zika”, explicou o coordenador-geral de Vigilância e Resposta às Emergências em Saúde Pública, do Ministério da Saúde, Wanderson Oliveira.
Histórico
No começo das investigações da epidemia, em novembro de 2015, o Ministério da Saúde adotou uma definição de caso mais sensível para identificar a microcefalia, tendo como critério 33 cm de perímetro cefálico para recém-nascidos de ambos os sexos. Essa definição foi, posteriormente, alterada para 32 cm. A adoção dessas definições mais sensíveis permitiu identificar que 20% das crianças com alguma condição de importância clínica não apresentavam microcefalia. Portanto, esse é um importante aspecto que está sendo considerado para ajustar o modelo de vigilância de Microcefalia para Alterações Congênitas.
O artigo foi elaborado com base em informações do Registro de Eventos em Saúde Pública (RESP) e Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) do Ministério da Saúde, com o apoio de todos os estados do país.
Da Agência CNM, com informação do Ministério da Saúde