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26/02/2016
Especialistas e OMS pedem implantação no Brasil de profilaxia para prevenção da Aids
Em 2015, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou para todas as pessoas em situação de "maior exposição" a contrair o vírus HIV a profilaxia pré-exposição (PrEP). Mesmo com esta solicitação, a metodologia ainda não foi implantada no Brasil. Apenas Estados Unidos, França, África do Sul e Israel anunciaram que farão uso do método para prevenção da Aids. No entanto, especialistas apontam que esta é uma importante estratégia de prevenção ao vírus e que o Brasil deveria utilizá-la como política pública.
“Vemos hoje um esgotamento das políticas atuais para prevenção ao HIV. Em um estudo feito pelo Ministério da Saúde, 45% da população brasileira admitiu que não usa camisinha, mesmo tendo a informação de que ela é eficaz na prevenção de HIV e de outras infecções sexualmente transmissíveis. Então, vemos que não é suficiente ter só a camisinha. Essa opção é importante e deve continuar sendo mantida, mas ela não é suficiente como política pública”, disse Marcela Vieira, coordenadora do Grupo de Trabalho sobre Propriedade Intelectual da Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (Abia).
Por isso, Vieira defende que sejam proporcionadas outras formas de prevenção, além da camisinha. “As pessoas devem ter um serviço adequado de informações que coloque as vantagens e desvantagens de cada uma das diferentes medidas, para que elas possam optar por aquela forma que se adeque mais à sua realidade. Tentar mudar o comportamento com um mantra único [use camisinha] já se mostrou uma política esgotada. Precisamos avançar nas diferentes opções disponíveis”, alerta.
Medicação
A profilaxia recomendada pela OMS envolve a utilização de um medicamento por via oral ou em forma de gel para pessoas que não estão infectadas pelo HIV, mas que estão expostas ao vírus. O medicamento antirretroviral bloqueia a multiplicação do vírus, impedindo a infecção do organismo. Ele seria uma alternativa ao uso de camisinha, mas exige que a pessoa tome um comprimido por dia. Já a forma em gel ainda está em fase de estudos.
A psicóloga Clara Cavalcante, que trabalha no centro de referência de São Paulo e na prefeitura de Jandira, vê como essencial a nova profilaxia. “Ela vem nos desdobramentos e nos avanços dos movimentos sociais, da política de saúde e na melhoria das estratégias de prevenção. E ela pode vir a fazer a diferença na prevenção ao HIV”, disse. Mas Clara defende que esta seja implantada no país como política pública.
Monopólio e aumento de custo
Outro problema com a técnica estaria relacionado ao custo do medicamento. A fabricante do produto, já solicitou a patente para controlar a comercialização do medicamento em todo o mundo. O pedido está em análise em muitos países, inclusive no Brasil.
Para a Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids, o monopólio do medicamento pode elevar o preço do produto. O Brasil tem várias opções para evitar o monopólio sobre o medicamento, como por exemplo o uso de genéricos.
Da Agência CNM, com informação da Agência Brasil