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10/03/2014
Em entrevista ao Valor Econômico, Ziulkoski aponta impactos do novo salário mínimo

Ziulkoski alertou que o cenário previsto para este ano é ainda pior. Como exemplo, ele citou que o Fundo de Participação dos Municípios (FPM) deve aumentar em R$ 4,5 bilhões. Por outro lado, só o reajuste do piso do magistério custará R$ 4,9 bilhões aos caixas municipais. O impacto do mínimo custará outro R$ 1,8 bilhão. “Todo o aumento [do FPM] não paga o piso do reajuste do magistério e o salário mínimo. Como é que uma prefeitura vai fechar as contas?”, questionou.
Para ele, a capacidade de gestão financeira dos prefeitos das cidades de pequeno porte está “espremida” entre duas leis: a da política de valorização do salário mínimo, que corrige o piso pela inflação e o crescimento da economia, e a outra que exige responsabilidade fiscal. “O próprio governo faz o prefeito descumprir a lei e depois quer penalizar o prefeito”, questionou. Ao Valor Econômico, Ziulkoski defendeu a atual política de valorização do mínimo, mas ressaltou que o governo federal deveria apoiar financeiramente os prefeitos que mostram boas práticas fiscais.
Ziulkoski destaca ainda que os prefeitos têm pouca margem de manobra fiscal para reverter o desequilíbrio das contas municipais. É proibido por lei, por exemplo, demitir servidores concursados, que representam a maioria dos servidores das prefeituras. As demissões só podem atingir temporários ou cargos comissionados. "Não é como o governo federal ou governador, que muda política econômica, aumenta juros. Município não tem como parar com a merenda escolar, o transporte escolar, a iluminação pública, a coleta do lixo, o posto de saúde. A demanda não muda", diz o presidente.
Realidade dos pequenos Municípios

A realidade apresentada pela gestora pode ser comprovada com os números do Estado. Dos 184 Municípios cearenses, 110 enfrentam dificuldades com a Lei. Destes, 74 estão em situação mais grave: ultrapassaram 54% da receita com gastos de folha de pagamento. “Esse [51,3%] é o percentual que quando a prefeitura atinge já não pode dar reajuste que ultrapasse a inflação, não pode pagar hora extra aos servidores”, explicou Irineu de Carvalho, consultor financeiro da Associação dos Municípios do Estado do Ceará (Aprece), à reportagem.
Segundo o jornal, dois terços da folha de pagamento das prefeituras do Ceará são compostos por funcionários que ganham o salário mínimo. Alia-se a isso o fato de que 90% dos Municípios dependem exclusivamente de repasses do FPM e do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), segundo a Associação dos Municípios do Estado do Ceará (Aprece). “O município é pequeno, não contamos com IPTU ou ISS na arrecadação”, diz a prefeita de Chorozinho.

Em Itambé, cidade de 23 mil habitantes no interior da Bahia, onde os gastos com pessoal chegaram a ultrapassar 76% da receita, cerca de 200 trabalhadores foram demitidos em 2013. Em Boquira, de 22 mil habitantes, os cortes atingiram gari, assistente administrativo, vigilante, zelador, auxiliar de serviços gerais e motorista, entre outras funções que têm o mínimo como base, informou em nota o prefeito de Boquira, Marco Túlio. "Temos a convicção de que os repasses não vão acompanhar o percentual de aumento e isso vai se refletir diretamente nas contas da prefeitura".
Agência CNM, com informações do Valor Econômico
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