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08/07/2020
Com embaixada do Reino Unido e estudiosos de Oxford, CNM debate pandemia e vacina
Em busca de informações que subsidiem a entidade na orientação aos gestores locais, a Confederação Nacional de Municípios (CNM) se reuniu por videoconferência, na tarde desta quarta-feira, 8 de julho, com profissionais da Universidade de Oxford e da embaixada do Reino Unido no Brasil. Além de compartilhar dados do cenário de pandemia do novo coronavírus, o grupo falou sobre as etapas de desenvolvimento, testes e distribuição de uma vacina contra a Covid-19.
Tanto o presidente da CNM, Glademir Aroldi, quanto o embaixador do Reino Unido no Brasil, Vijay Rangarajan, pontuaram a importância da gestão municipal para atender a população. “A gestão local é a ferramenta mais importante para prestar os serviços públicos. Por isso, queremos ouvir vocês para levar informações aos gestores locais”, afirmou Aroldi.
O embaixador falou sobre os investimentos britânicos e as parcerias com o Brasil para os testes da vacina que é desenvolvida em Oxford. “A razão pela qual o Brasil foi escolhido é pela confiança entre nossas universidades, cientistas e as instituições como Fiocruz, Butantan, CNPQ, que são fundamentais”, opinou. Um ponto destacado por Rangarajan foi a preocupação com uma distribuição equitativa da vacina. “Em um ano podemos produzir suficientemente para todo mundo. Um país descoberto deixaria [margem para] uma segunda onda”, alertou.
Distanciamento social
Ao abordar as medidas de distanciamento social adotadas, a diretora do Programa de Estudos Brasileiros da Universidade de Oxford, Andreza Santos, avaliou que algumas ações ocorreram de forma antecipada nas cidades brasileiras. Ela comparou o fechamento de escolas - enquanto, no Brasil, algumas regiões fecharam 8 dias antes de 50 casos confirmados, países europeus levaram mais tempo, fechando até 17 dias depois.
“Tentamos entender o que aconteceu nas cidades, pois vemos que as medidas foram tomadas de forma até coesa. Mas há dois pontos no país: informações assimétricas, falas diferentes entre níveis de governo, e a enorme desigualdade social”, resumiu. Conhecendo a realidade brasileira, uma vez que já atuou na CNM, a diretora falou ainda da dificuldade que é manter o isolamento em um Município, quando outros reabrem atividades.
O presidente da CNM concordou com a análise e lamentou a situação: “Essa falta de simetria entre o Entes federados tem prejudicado muito as ações. Quando você faz a ação que dá o resultado esperado, a comunidade pensa que não havia necessidade. Está muito difícil para o gestor local. Nosso resultado poderia estar sendo muito melhor se tivesse existido esse alinhamento lá em fevereiro ou março”.
Em um cenário com condições de reabertura, o professor associado da Universidade de Oxford Nuno Farias aponta que é essencial um combo básico de três etapas: testagem frequente, uso consciente da máscara e distanciamento social, com mínimo de dois metros de distância. Ele mostrou ao grupo um resumo dos estudos para entender o novo coronavírus e a sua variedade genética no Brasil. “Ainda há muita incerteza sobre a Covid, então, quanto mais informações, mais respostas poderemos fornecer”, concluiu.
Vacina
Pesquisadora da Divisão de Infecção e Imunologia da University College London, Ariane Gomes ressaltou uma boa notícia. Segundo ela, de fato, há chance de uma vacina em tempo mais curto. “Até o fim do ano, a expectativa é que a gente tenha vacina para 15% da população brasileira”, disse. Ela explicou que cerca de 98% das pessoas infectadas se curam, o que indica que o organismo humano é capaz de controlar o vírus. Por isso, a tarefa da vacina é fazer com que “a resposta seja mais rápida e eficiente”, especialmente entre as pessoas que estão em grupos de risco.
O embaixador do Reino Unido no Brasil, ao falar da vacina, compartilhou a estratégia - ainda em estudo - que é pensada para o Reino Unido na aplicação. Segundo ele, as prioridades devem ser profissionais de saúde, seguidos por idosos e pessoas com comorbidades e aqueles que têm contato com muita gente, como motoristas e funcionários de restaurantes.
EleiçõesNo encontro, o grupo debateu ainda as condições sanitárias para as eleições de 2020 do Brasil. O pleito municipal foi adiado de 4 e 25 de outubro para 15 e 29 de novembro, após votação do Congresso Nacional. Entre outros pontos, a CNM teme que o curto adiamento não seja suficiente para manter a segurança dos eleitores e que não haverá condições iguais de disputa para os concorrentes.
O professor Nuno Farias fez uma consulta rápida a projeções e demonstrou pouco otimismo. “Não vejo muita diferença do cenário de outubro para novembro”, analisou, ponderando que não trabalha muito com os modelos que medem as tendências de cenários.
Além das questões que podem impor condições diferentes entre os candidatos, a diretora do Programa de Estudos Brasileiros da Universidade de Oxford, Andreza Santos, alertou para os desafios nas candidaturas femininas e no acesso à internet. “As mulheres estão sobrecarregadas com a questão da pandemia e a inclusão digital também é uma questão, nomes conhecidos podem sair favorecidos”, afirmou.
Outro ponto levantado por ela foi a interrupção do trabalho na linha de frente do enfrentamento da Covid-19 no Brasil. “Ocorreram duas trocas de ministro da Saúde, a gente tem uma ausência de gestão. O que será que vai acontecer na continuidade se todos os secretários forem trocados?”, argumentou.
O encontro remoto foi mediado pelo consultor da CNM Eduardo Stranz e teve a participação do supervisor do Núcleo de Desenvolvimento Social, Denilson Magalhães, do coordenador das áreas Jurídica, de Gestão de Contratos e Compliance da CNM, Rodrigo Garrido, do consultor da área Internacional, Maurício Zanin, e da analista técnica de Saúde da Confederação Carla Albert, além de representantes da Embaixada do Reino Unido no Brasil.
Por Amanda Martimon
Da Agência CNM de Notícias
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