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17/09/2020
Cenário internacional mostra que volta às aulas pode ocorrer de forma planejada e cautelosa
A experiência internacional com a retomada das aulas durante a pandemia do novo coronavírus pode trazer lições valiosas aos gestores públicos municipais e à população brasileira. A Confederação Nacional de Municípios (CNM) promoveu, nesta quinta-feira, 17 de setembro, o seminário técnico Pandemia x Calendário Escolar. Em um dos painéis da tarde, o consultor da área de Saúde Denilson Magalhães apresentou dados referentes a outros países.
“Estamos vivendo momentos de incertezas. A pandemia não passou, mas precisamos planejar muito o encerramento de ano e o próximo. Porque continuamos, em 2021, combatendo o coronavírus. É um problema mundial e temos um cenário de tentativas de retomada bem diverso”, adiantou Magalhães. O impacto da Covid-19 na educação é tão abrangente que organizações internacionais, como a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), alertaram para as perdas que crianças e adolescentes podem ter sem as aulas.
“Qualquer retomada precisa ter cenário epidemiológico muito bem descrito para subsidiar decisão dos gestores. Vendo os outros países, só 30% dos alunos voltaram para as escolas”, observou. Em seguida, ao falar das dificuldades no continente africano, ele fez uma ressalva: “Aumento da taxa de evasão escolar, da desnutrição e da violência infantil são preocupações nossas também. É o momento de união das nossas políticas sociais, ações conjuntas e coordenadas. Muitas crianças faziam suas principais refeições nas escolas”.
Ações
Segundo o consultor, os planos de retomada diferem muito, de continente e mesmo de país. Algumas ações e protocolos, porém, se repetem: distanciamento nas salas e espaços de convivência; higienização frequente; uso obrigatório de máscaras de proteção; redução do número de estudantes, professores e funcionários; alterações dos horários e dias de aulas com redução da carga horária/dia; modelo híbrido, mesclando ensino presencial em dias alternados da semana com o ensino remoto.
A maioria dos países pesquisados pela CNM planejou e implementou a volta às aulas em setembro e outubro, sendo que muitos viram aumentar os casos de Covid-19, sendo obrigados a parar as atividades presenciais novamente. “E essa é uma preocupação por causa da ansiedade que se gera nas crianças, de irem para as aulas e depois terem que voltar para o ensino remoto”, alertou o consultor da Confederação.
Por continente
Na Europa, algumas nações retomaram em maio. Contudo, Denilson Magalhães chamou atenção para situações extremas: a da Suécia, que não fechou as escolas, e a Itália, mais impactada, que retomou aos poucos a partir de agosto. Na Oceania, que conseguiu controlar melhor a disseminação do vírus, ele destacou que os governos adotaram protocolos nacionais de controle para abertura das escolas.
A Ásia tem realidades bem claras. A dos primeiros países atingidos, China, Japão e Coreia do Sul, que estão funcionando. Seis países, ou 43% dos pesquisados, com planos de retomada escalonada para setembro ou um sistema híbrido, em que a educação remota será utilizada com a presencial. E uma maioria, que inclui Afeganistão, Índia e Israel, sem previsão. Na África, o cenário é mais preocupante, já que o número de casos é crescente, e, como o Brasil, há muitas disparidades sociais e dificuldade das famílias em acessar o ensino à distância.
A apresentação do período da tarde complementou fala do presidente da CNM, Glademir Aroldi, na abertura do seminário. Com a responsabilidade de definir as políticas locais, os gestores devem tomar suas decisões tendo como prioridade a saúde da população. "Vivemos uma situação de pandemia mundial. Basta olhar para a América do Sul, onde só o Uruguai retornou com as atividades escolares. Chile e Argentina só voltaram parcialmente, porque a decisão é complexa", afirmou.
De acordo com apresentação de Magalhães, poucos países na América retomaram. Bolívia e Peru já decretaram que não voltam neste ano; no Paraguai, o ano letivo foi encerrado; Colômbia, Equador, Venezuela, Cuba e Canadá pretendem começar entre setembro e outubro de maneira gradual; e o México retomou recentemente as aulas de maneira remota.
Por Amanda Maia
Imagens: CNM e AFP
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