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08/04/2020
Boletim epidemiológico: CNM destaca cenário nacional e principais apontamentos sobre o Covid-19
Todos os Estados do país registram casos confirmados do novo coronavírus (Covid-19), segundo Boletim Especial do COE Coronavírus Avaliação de Risco (BE7) da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS). Os dados atualizados sobre a pandemia no Brasil foram divulgados nesta terça-feira, 7 de abril, em entrevista coletiva. À distância, a Confederação Nacional de Municípios (CNM) acompanhou a apresentação dos dados.
Foram parametrizadas e conceituadas algumas questões importantes a respeitos do planejamento dos Municípios e Estados quanto às ações de enfrentamento ao vírus, explica a técnica da CNM Carla Albert, que assistiu a coletiva e avaliou o sétimo boletim do governo sobre a pandemia. Ela destaca a fala do secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson Oliveira, sobre não esquecer que a implantação das medidas não-farmacológicas, medidas sociais, objetivam apenas preparar o sistema de saúde para a assistência de grande número de infectados.
Tal preparação inclui estratégias de telemedicina e de Atenção Primária à Saúde (APS) para casos leves e estratégias de cuidado intensivo em hospitais e Unidade de Tratamento Intensivo (UTI)s para casos graves. Oliveira explicou que não há como evitar a epidemia, mas existe a possibilidade de diminuir o pico epidêmico, em número de casos, e distribuí-lo ao longo do tempo, para preparar o sistema de saúde. Para o secretário, instituir medidas não-farmacológicas e não providenciar o aumento de capacidade de absorção de casos leves e graves pelo sistema de saúde é medida não efetiva.
A capacidade atual de testagem é 6,7 mil testes/dia, processados pela Rede Nacional de Laboratório semi-automatizada, composta por 27 Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacens), Instituto Evandro Chagas e unidades da Fundação Oswaldo Cruz. Para o momento crítico da emergência, será necessária uma ampliação de 30 a 50 mil testes/dia, reconheceu o secretário. No entanto, não há escala de produção nos principais fornecedores para suprimento de kits laboratoriais para pronta entrega nos próximos 15 dias.
Carência
Ainda, segundo o boletim, o coronavírus afeta, principalmente, localidades com maior densidade demográfica, onde as aglomerações decorrentes do período mais frio (outono-inverno) no Sul e Sudeste do país exigem uma maior atenção e ampliação de leitos e estrutura de suporte ventilatório. Foram apontadas a carência de profissionais de saúde, de leitos de UTI e de internação não estão devidamente estruturados e nem em número suficiente para a fase mais aguda da epidemia.
Também foi assunto da coletiva, o aumento das internações por Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SARG). Só nas primeiras semanas de 2020, a ocorrência de SARS-CoV-2 em patamares superiores aos demais tipos de vírus monitorados, incluindo Influenza. O padrão da alta transmissibilidade e letalidade, com registro de maior detecção frente aos demais tipos de vírus respiratórios monitorados demonstra que o SARS-CoV-2 possui comportamento incomum e representa elevado risco para o Sistema Único de Saúde.
Outros destaques
Oliveira destacou que o Brasil implementou medidas de restrição ao deslocamento a partir de março, com o fechamento da fronteira com a Venezuela no dia 18 e com quase todos os países no dia seguinte, além de restringir a entrada dos estrangeiros de todas as nacionalidades desde o dia 27. As medidas foram adotadas levando em consideração o elevado risco de disseminação da doença entre os países, que pode ser minimizado com a redução no fluxo de viajantes internacionais em todo o mundo.
Dentre os principais destaques técnicos da CNM e as conclusões da avaliação de risco nacional, até dia 4 de março, destacam-se:
- o país está na fase de transmissão localizada (comunitária) com alguns locais passando para a fase de aceleração descontrolada;
- estratégias de distanciamento social aplicadas pelos Estados e Distrito Federal, estão de acordo com recomendações de órgãos internacionais, da Organização Mundial para Saúde (OMS) e do próprio Ministério da Saúde;
- medidas efetividade permitem a estruturação da resposta dos serviços de saúde para o período de maior incidência da doença, previsto para as próximas semanas;
- logística de compra e distribuição de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) para profissionais saúde têm sido prejudicadas por questões comerciais internacionais, colocando esses trabalhadores num importante grupo de risco; e
- gestão tripartite do Sistema Único de Saúde (SUS) permite comando único em cada esfera de governo, e o Ministério da Saúde tem construído - junto ao Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass) e ao Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems) - um documento que explicita condicionantes para que o SUS, que permita aos diferentes grupos sociais a manutenção de suas atividades produtivas, garantindo a esses mesmos grupos a retaguarda de saúde, quando precisarem.
Isolamento
O ministério avalia que as estratégias de distanciamento social adotadas pelos governos estaduais e municipais contribuem para evitar o colapso dos sistemas locais de saúde, a mesma estratégia tem sido adotada em outros países desenvolvidos, como: EUA, Itália, Espanha, China e recentemente no Equador. As açòes são temporárias, e permitem aos gestores tempo relativo para estruturação dos serviços de atenção à saúde da população, com consequente proteção do SUS.
Para o secretário, as Unidades da Federação que implementaram o distanciamento social ampliado devem mantê-lo até que o suprimento de equipamentos e equipes estejam disponíveis em quantitativo suficiente, de forma a promover, com segurança, a transição para a estratégia de distanciamento social seletivo. Vale explicar que os equipamentos são leitos, EPI, respiradores e testes laboratoriais; e equipes são compostas por médicos, enfermeiros, demais profissionais de saúde e outros.
Da Agência CNM de Notícias
Imagem: TV Brasil