Boas práticas: banco de alimentos de Formiga (MG) evita desperdício e gera renda e educação

A semente que, regada, vira planta é a metáfora ideal para a transformação proporcionada por um banco de alimentos em Formiga (MG). A iniciativa, que começou há 11 anos com a intenção de evitar que pessoas em condição de vulnerabilidade social passassem fome, foi crescendo, enraizada como política pública da cidade, e não de um governo. Demonstrou potencial e foi abraçada pela população e pelos produtores locais. Rendeu frutos e deixou de ser uma ação apenas da área de assistência social, passando a impactar a educação, a economia, a cultura e a segurança pública.

De janeiro a junho deste ano, 18.296 pessoas receberam 56.397 kg de alimentos provenientes do Banco Municipal de Alimentos Maria Athanásia de Freitas. Atualmente, ele abastece 11 instituições, seis Centros de Referência de Assistência Social (CRAs), a Santa Casa, algumas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e a Casa da Criança e do Adolescente. Além de receber doações, a prefeitura compra itens de agricultores familiares, por meio do Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar, e cobra, como entrada de eventos culturais, alimentos não perecíveis.

O prefeito do Município mineiro, Eugênio Vilela Júnior, explica que os gestores viram no banco uma oportunidade de provocar uma reeducação alimentar e fomentar a cadeia produtiva local. “Estendemos o trabalho para hortas comunitárias, promovendo alimentação mais saudável para comunidade carente e evitando desperdício. Fazemos não só a doação, mas um trabalho educativo e de conscientização”, conta.

Prática sustentável

Prezar pela qualidade do alimento e possibilitar a produção e consumo sem agrotóxicos são alguns dos diferenciais do programa, como explica o coordenador Anuar Teodoro Alves. Com o envolvimento da população, eles passaram a ensinar e criar hortas urbanas. “As crianças dos CRAS vêm visitar, aprender a plantar e a colher. Abriremos a segunda unidade dentro do presídio e vamos plantar em mais duas comunidades afastadas”, comemora.

Por meio de uma parceria com o Centro Universitário da cidade, realizaram o acompanhamento in loco das plantações. Os estagiários de engenharia agronômica vão até os produtores rurais fornecedores dos alimentos, fazem análise de solo junto com os professores e ensinam alternativas ao uso do agrotóxico. Em 2017, 30 produtores receberam as visitas.

Segundo o prefeito e o coordenador, o sucesso da iniciativa começou com o engajamento da equipe da Secretaria de Desenvolvimento Humano. O exemplo mais recente é da funcionária que concluiu um curso de panificação e, junto com uma gastrônoma, irá abrir uma turma de culinária familiar, para ensinar à população a utilizar todo o potencial dos alimentos doados. O planeta, os que plantam e os que comem agradecem.

Direitos

A Confederação Nacional de Municípios (CNM) ressalta que um dos objetivos da Política de Assistência Social é a defesa dos direitos, destacando que para o enfrentamento a pobreza é fundamental a integração entre as políticas setoriais, sendo esse o caminho mais coerente, o da integração, para realização de trabalhos e oferta de serviços públicos de qualidade à população de forma ampla, por meio do trabalho conjunto e complementar.

Quando o olhar do gestor municipal está voltado para as capacidades de sua equipe e do seu território, a formação de parcerias se apresenta como um catalisador, um instrumento que fortalece o desenvolvimento social e gera qualidade de vida a população. A CNM, por meio de suas áreas técnicas, vem incentivando o trabalho em rede como forma de fortalecer a gestão e promover intercâmbio dentro do próprio território, uma vez que o trabalho conjunto das diversas políticas sociais apresenta realidades e capacidades distintas, mas complementares.

Por: Amanda Maia

Fotos: Banco de Alimentos de Formiga

Da Agência CNM de Notícias