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07/06/2019
Atlas da Violência revela aumento no número de mulheres vítimas de violência
Maior levantamento dos homicídios no país, o Atlas da Violência 2019 trouxe dados preocupantes envolvendo mulheres, jovens, negros e populações LGBTI+. Outro aspecto que merece atenção e deve subsidiar a elaboração de políticas públicas são as diferenças regionais. O relatório, que abrange o período de 2007 a 2017, foi divulgado nesta quarta-feira, 5 de junho, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Os dados são do Sistema de Informações sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde.
Conforme a Confederação Nacional de Municípios (CNM) destaca, os gráficos mostram que, no período analisado, os homicídios cresceram 2,8 vezes mais do que a média nacional no Norte e no Nordeste. A taxa de assassinatos nessas duas regiões aumentou 68%, representando 48,3 vítimas a cada 100 mil habitantes. A média nacional cresceu 24%, atingindo o patamar inédito de 31,6. O Sudeste e o Centro-Oeste tiveram uma leve diminuição enquanto a região Sul permaneceu estável.
Violência contra as mulheres
"Quando a gente olha a taxa de homicídios de mulheres no Brasil nos últimos cinco anos, vê que aumentou 1,7%. Dentro da residência, aumentou 17,1%, enquanto, fora da residência, diminuiu 3,3%. Estamos vendo duas tendências diferentes", aponta Daniel Cerqueira, pesquisador do Ipea e um dos organizadores do Atlas da Violência.
Em 2017, mais de 221 mil mulheres no Brasil buscaram delegacias para registrar episódios de violência doméstica, e o número está ligado diretamente ao registro recorde de feminicídios. Os dados alertam para um aumento geral de assassinatos contra mulheres, sendo que, no último ano analisado, foram cerca de 13 assassinatos por dia – um total de 4.936 vítimas, o maior registrado desde 2007.
Nos 10 anos, a taxa nacional de homicídios a cada 100 mil habitantes cresceu 20,7%, passando de 3,9 para 4,7 mulheres assassinadas por grupo de 100 mil mulheres. A taxa de homicídios de mulheres que não se declaram negras cresceu 1,7% entre 2007 e 2017; já as mortes de mulheres negras aumentaram em 29,9% a cada 100 mil habitantes. Isolando 2017, 66% das mulheres assassinadas no país eram negras.
A professora Dra. e pesquisadora especialista em violência de gênero Wânia Pasinato destaca que, desde 2015 – ano em que essas mortes começam a apresentar um aumento significativo –, o investimento em políticas públicas para mulheres começou a diminuir significativamente. O orçamento para as mulheres de 2014 até 2016 sofreu uma diminuição de mais de 40% e, em 2017, caiu 52%. A queda reflete em menos estímulos nas três esferas – federal, estadual e municipal - para ações relacionadas ao enfrentamento da violência contra as mulheres.
Da Agência CNM de Notícias com informações do Uol