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21/06/2016
Aprece e CNM apresentam em evento projeto piloto para conviver e diminuir efeitos da seca
Um conjunto de ações que podem ser adotadas pelos Municípios brasileiros para conviver com a seca e amenizar os seus efeitos pautou os debates do Seminário Rumo a uma Gestão Proativa de Secas na tarde de segunda-feira, 20 de junho. A Confederação Nacional de Municípios (CNM) participou do encontro com a apresentação de um projeto piloto desenvolvido no Município de Piquet Carneiro, situado no Ceará. A entidade foi representada pelo presidente da Associação dos Municípios do Estado do Ceará (Aprece), Expedito do Nascimento.A Confederação foi uma das convidadas pelo Banco Mundial para dar mais detalhes do projeto denominado Plano Piloto de Preparação para as Secas. Na ocasião, Expedito Nascimento, que também é prefeito de Piquet Carneiro, explanou sobre as iniciativas que estão sendo desenvolvidas na cidade desde o ano passado e a importância de mostrar os avanços do projeto no Seminário. “Esse encontro vem consolidar uma ação que começou no Ceará. O Plano tem melhorado a situação do nosso Município”, disse Expedito.
As ações consistem em definir alternativas que possam ser utilizadas para auxiliar agricultores familiares e demais segmentos da sociedade ao longo do ano e em qualquer situação de mudanças climáticas. Entretanto, o foco do projeto é reunir medidas úteis no período mais crítico, ou seja, em todo o calendário de ausência de chuvas. “Nós temos que estar preparados para trabalhar essas ações em período de seca ou não. Independente da situação climática, a gente continua esse trabalho”, reforçou o presidente da Aprece.
Agricultura familiar
O objetivo geral do projeto visa reduzir a vulnerabilidade dos agricultores familiares de Piquet Carneiro em situação de seca. Para isso, algumas medidas foram realizadas em um longo processo de capacitação com os pequenos produtores em diversas atividades voltadas à oferta de produtos de qualidade e retorno financeiro. Ainda foram promovidas campanhas de conservação de forragem e plantio de palma mais sorgo forrageiro.
O Município tem como principais culturas temporárias o milho e o feijão. Também produz banana, coco e a manga em uma área de 13 hectares. “O agricultor produzia e não tinha como comercializar a mercadoria. Hoje nós temos a feira que tem incorporado esses produtos e tem proporcionado uma receita alternativa ao produtor”, exemplificou Expedito.
Recursos hídricosAlgumas das medidas necessárias e apontadas como preponderantes por Expedito Nascimento para o Plano Piloto de Preparação para as Secas foram o reuso da água e a perfuração consciente de poços. Ele lembrou que o reaproveitamento da água pode ser adotado pelas famílias. “Nós temos algumas experiências dessa natureza onde no quintal da casa o cidadão pode ter a unidade de produção. A mulher e os filhos contribuem na produção. Esse é um resultado do projeto”, explicou.
Já em relação às perfurações de poços, Expedito lembrou que a iniciativa desenvolvida prevê a perfuração de 12 poços profundos em áreas estratégicas da região. Para isso, foi feito um planejamento criterioso sobre a exploração da água subterrânea e os impactos dessa técnica.
A decisão só é tomada após ser constatada de que os resultados ao Meio Ambiente não serão negativos. “Não é escavar por escavar, fazemos estudos minuciosos com a avaliação de especialistas”, explicou. Ainda estão em discussão entre especialistas e sociedade a preservação de bacias, açudes e da estação cultural e ambiental de preparação para as secas.
Pecuária
A pecuária também é uma atividade marcante na cidade. Os maiores rebanhos são de porcos e gados. Também merece destaque a criação de frangos. Por isso, a alimentação dos animais é um assunto que preocupa bastante os produtores.
O presidente da Aprece destaca que foram desenvolvidas estratégias para que não falte alimento aos animais no período de seca. “Começou-se a armazenar a forragem no período de fartura para ser utilizada no período da estiagem”, informou. O Município também fez parte da elaboração de Planos de Negócio de Pecuária Leiteira e assinou convênio para o desenvolvimento da apicultura na cidade.
Monitor da Seca
O monitoramento sobre as áreas afetadas pela seca e a gravidade de sua atuação tem sido uma preocupação constante na identificação de áreas e definição de estratégias para conviver com a ausência de chuvas. Por isso, está sendo desenvolvido o Monitor da Seca.
O sistema funciona com a ajuda de computadores e mostra por meio de mapas a intensidade da seca nas regiões. A intenção é conseguir informações mais precisas e atualizadas sobre o solo, quantidade de chuvas e nível dos açudes em várias cidades.
Contribuição da CNM e conscientização
Expedito Nascimento ressaltou que todo o trabalho implementado no Plano não seria o mesmo sem a conscientização da população e de todos os apoiadores do projeto no Município. Para ele, a alteração de postura contribui no avanço das ideias. “Confesso que o maior resultado que nós temos é a mudança de comportamento das famílias, da questão cultural. Isso tem feito a diferença no nosso Município”, completou.
O gestor enfatizou que a iniciativa está em constante processo de aperfeiçoamento. Ele considerou viável a adoção dessas ações nos Municípios brasileiros, mesmo diante das diferentes características regionais. Nesse sentido, destacou que a Confederação será preponderante para a disseminação das boas práticas. “A CNM é de fundamental importância dentro desse quadro. Nós estamos com foco em mais de 5 mil Municípios. Através do trabalho do Paulo Ziulkoski, esse projeto pode ser ajudado a caminhar e a dar a resposta não só para o semiárido, mas para os outros Municípios brasileiros.
Também participaram dos debates o coordenador da Câmara Técnica do Plano Piloto de Preparação para a Seca, Josias Neto; a representante do Instituto Federal da Paraíba, Cybelle Frazão; o representante da Universidade Federal do Ceará, Souza Filho e o diretor presidente da Agência Pernambucana de Águas e Clima, Marcelo Asfora.
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